Indicado para o Banco Central defende autonomia da instituição em sabatina no Senado

Indicado para o Banco Central defende autonomia da instituição em sabatina no Senado


Comissão de Assuntos Econômicos e depois o plenário da Casa devem votar a indicação de Roberto Campos Neto antes de ele assumir o BC. Indicado também defendeu Estado mais enxuto. Roberto Campos Neto respondeu perguntas de senadores durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos
Pedro França/Agência Senado
O economista Roberto Campos Neto, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para o cargo de presidente do Banco Central (BC), defendeu em sabatina no Senado nesta terça-feira (26) a autonomia da instituição.
A sabatina, na Comissão de Assuntos Econômicos, começou no período da manhã e faz parte do trâmite para aprovação de um indicado à presidência do BC. Para assumir, Campos Neto deve ter o nome aprovado pelos senadores da comissão e depois pelo plenário da Casa.
Ele afirmou que o objetivo da autonomia do BC é “aprimorar o arranjo institucional de política monetária [definição dos juros para atingir as metas de inflação], para que ela dependa menos de pessoas e mais de regras, e para que estejamos alinhados à moderna literatura sobre o tema e aos melhores pares internacionais”. A autonomia da instituição também é defendida pelo atual presidente do banco, Ilan Goldfajn, e consta como um tema na agenda dos primeiros 100 dias do governo.
Comissão de assuntos econômicos do Senado sabatina indicado para presidência do BC
Campos Neto lembrou que existem projetos em discussão no Congresso sobre o assunto, e disse acreditar que o país esteja “maduro para mais esse avanço”. “A mudança, se aprovada por esse Parlamento, trará ganhos para a credibilidade da instituição e para a potência da política monetária, reduzindo o tradeoff de curto prazo entre inflação e atividade econômica e contribuindo para a queda das taxas de juros e o crescimento econômico”, avaliou.
Ele também descartou a possibilidade de redução dos juros básicos, atualmente na mínima histórica de 6,5% ao ano, para promover apenas um crescimento maior da economia. “A coisa mais importante para o crescimento é a estabilidade de preços. Nos países onde se sacrificou inflação por crescimento, a expansão da atividade durou pouco e depois houve recessão. Isso aconteceu também no Brasil”, afirmou, no Senado Federal.
Redução do Estado Ele disse ainda, em seu discurso inicial, que o Estado brasileiro se tornou “grande demais, ineficiente, excessivamente custoso e não atende a muitas das necessidades básicas de nossa população”. “A nação já percebe a necessidade de reformas e precisamos empregar essa oportunidade na criação de uma cultura em que haja mais empreendedores e menos atravessadores”, afirmou ele. Acrescentou, ainda, que o governo está trabalhando para implementar uma agenda “liberalizante”. “É hora de fazer mais com menos recursos. É necessário eficiência, transparência, prestação de contas e mensuração de impacto quanto ao uso de recursos públicos. E, talvez mais importante que isso, é necessário que o Estado abra espaço para a atividade privada, saindo de cena, ou reduzindo drasticamente sua atuação, em diversas áreas”, declarou.
Reforma da Previdência
Roberto Campos Neto também defendeu a aprovação da reforma da Previdência. O texto foi enviado pelo governo ao Congresso na semana passada. “Quanto à questão fiscal [relativa às contas públicas], o país precisa avançar na estratégia dos ajustes e reformas, em particular, mas não apenas, na reforma da Previdência, para que possa colocar o balanço do setor público em trajetória sustentável”, afirmou.
De acordo com ele, é preciso “agregar a sociedade” em torno dessas questões, com a participação de todos. “A estabilidade fiscal [contas públicas em ordem] é fundamental para a redução das incertezas, o aumento da confiança e do investimento, e o consequente crescimento da economia no longo prazo”, acrescentou. Sistema financeiro
Caso tenha seu nome aprovado para chefiar o Banco Central, o economista afirmou que trabalhará pela modernização do sistema financeiro para que continue “líquido, capitalizado e bem provisionado”. “O mundo passa atualmente por uma onda de inovação e mudanças. É crucial pensar hoje em como será o sistema financeiro no futuro e preparar o Banco Central do Brasil para desempenhar apropriadamente suas funções nesse novo ambiente, que será certamente baseado em tecnologia e no fluxo rápido de informação”, declarou.
Carreira
Campos Neto, de 49 anos, é formado em Economia pela Universidade da Califórnia, com especialização em Economia com ênfase em Finanças, pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles.
Ele trabalhou no Banco Bozano Simonsen de 1996 a 1999, onde ocupou os cargos de Operador de Derivativos de Juros e Câmbio (1996), Operador de Dívida Externa (1997), Operador da área de Bolsa de Valores (1998) e Executivo da Área de Renda Fixa Internacional (1999).
De 2000 a 2003, Campos Neto, segundo o perfil que consta no site do Santander, trabalhou como Chefe da área de Renda Fixa Internacional no Santander Brasil.
Em 2004, ocupou a posição de Gerente de Carteiras na Claritas. Ingressou no Santander Brasil em 2005 como Operador e em 2006 foi Chefe do Setor de Trading. Em 2010, passou a ser responsável pela área de Proprietária de Tesouraria e Formador de Mercado Regional Internacional.

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