Ulbra pede recuperação judicial para renegociar dívida de R$ 2,4 bilhões

Ulbra pede recuperação judicial para renegociar dívida de R$ 2,4 bilhões


São R$ 2,1 bilhões de débitos financeiros e com fornecedores e mais R$ 315 milhões em encargos trabalhistas. Ao todo, universidade deve R$ 8,2 bilhões. Mantenedora da universidade alega crise no setor para realizar reajuste no quadro docente, mas não informa número de demissões
Divulgação/Ulbra
A Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) anunciou nesta terça-feira (7), por meio de nota, que ingressou com pedido de recuperação judicial. O objetivo é renegociar uma dívida de R$ 2,4 bilhões, mas o total devido pela instituição é R$ 8,2 bilhões.
O valor a ser renegociado no plano de recuperação compreende aproximadamente R$ 2,1 bilhões de dívidas financeiras e com fornecedores e mais R$ 315 milhões em dívidas trabalhistas. A universidade deve outros R$ 5,8 bilhões em dívidas tributárias.
A nota divulgada nesta quinta afirma que a medida é parte de um plano de reestruturação iniciado em outubro de 2018, para contornar as dificuldades financeiras da instituição. Aulas e outras atividades serão realizadas normalmente durante o processo. “Atualmente, a Rede Ulbra de Educação é afetada por situações decorrentes do próprio endividamento, como bloqueios de recursos pela Justiça, que impossibilitam uma gestão de caixa mais eficiente. Além disso, enfrenta atrasos no repasse de recursos do Financiamento Estudantil (Fies) por parte do governo federal”, diz trecho da nota divulgada pela Associação Educacional Luterana do Brasil (Aelbra).
A crise financeira levou a Ulbra a demitir, no começo do ano, 286 professores, segundo o Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro-RS). Na ocasião, a universidade disse ter realizado “ajuste” no corpo docente, mas não informou o número de desligamentos.
Caso o pedido da Aelbra seja aprovado pelo Judiciário, a mantenedora da instituição terá dois meses para apresentar o plano de pagamento aos credores. Uma empresa foi contratada para conduzir o processo.
Origem da crise
A instituição afirma que o endividamento tem origem entre 2002 e 2008, quando foram feitos investimentos de mais de R$ 1 bilhão, que “não geram os retornos financeiros necessários”.
Em 2010, ex-reitor Ruben Eugen Becker, de 81 anos, foi indiciado no inquérito da Operação Kollektor, da Polícia Federal, que investigou o desvio de recursos da Ulbra, deflagrada em dezembro do ano anterior. Por decisão da Comunidade Luterana Evangélica (Celsp), Becker foi afastado do comando da instituição.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o grupo, liderado por Becker, teria usado artifícios para ocultar ou tentar regularizar a origem de valores desviados da Ulbra, como movimentações financeiras por meio de uma conta bancária em nome de uma neta do ex-reitor, compra e venda de uma fazenda e aquisição de dois veículos de luxo e um motor home.
Becker seria condenado no ano passado por lavagem de dinheiro. Em 2013, a má situação financeira levou a universidade a parcelar os salários dos professores, e a universidade aderiu ao Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento das Instituições de Ensino Superior (Proies), renegociando a dívida tributária.
No ano passado, a crise foi agravada por dívidas trabalhistas, e a Justiça determinou o bloqueio de contas, que levaram à liquidação de duas unidades em Rondônia. A instituição afirma que a situação ficou ainda mais crítica devido ao atraso no repasse de recursos do Financiamento Estudantil (Fies).

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