PIB da Argentina recua 5,1% no 1º trimestre e país entra em recessão técnica

PIB da Argentina recua 5,1% no 1º trimestre e país entra em recessão técnica

Os meses de janeiro a março marcam o primeiro trimestre completo do governo de Javier Milei. Presidente da Argentina tomou posse em dezembro e anunciou uma série de medidas para cortar gastos e atingir o déficit fiscal zero (ter gastos iguais à arrecadação). Presidente da Argentina, Javier Milei, durante evento empresarial em Buenos Aires 26 de março de 2024
Agustin Marcarian/Reuters
O Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina recuou 5,1% no 1º trimestre em comparação com o mesmo período de 2023, informou o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) do país nesta segunda-feira (24).
Em relação ao último trimestre do ano passado, o PIB argentino encolheu 2,6%, marcando a segunda queda trimestral consecutiva.
Com o resultado, a economia argentina entrou em recessão técnica — quando a atividade econômica de um país cai por dois trimestres seguidos.
Os meses de janeiro a março marcam o primeiro trimestre completo do governo de Javier Milei. O presidente da Argentina tomou posse em dezembro, após uma campanha com promessas de corte de gastos e déficit fiscal zero (ter gastos iguais à arrecadação).
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Após assumir o cargo, Milei determinou a paralisação de obras federais e a interrupção do repasse de dinheiro para os estados, com o intuito de reduzir os gastos públicos.
Além disso, deixou de subsidiar tarifas de água, gás, luz, transporte público e serviços essenciais — o que, inicialmente, resultou em um aumento expressivo nos preços ao consumidor.
O país já vinha enfrentando uma forte recessão econômica, e o ajuste fiscal permitiu, no primeiro trimestre deste ano, o primeiro superávit desde 2008.
Emprego, pobreza e inflação
A agência oficial de estatísticas Indec também divulgou dados sobre o mercado de trabalho. A taxa de desemprego do país aumentou para 7,7% no primeiro trimestre, acima dos 5,7% no final do ano passado. Isso significou cerca de 300 mil novos desempregados desde o trimestre anterior.
Além das perdas no mercado de trabalho, a inflação acumulada em 276,4% e a intensificação da crise econômica no país já colocaram 41,7% dos 46,7 milhões dos argentinos abaixo da linha da pobreza, segundo dados do Indec.
Essas condições econômicas têm impactado os níveis de consumo da população. Até as carnes — que representam uma das maiores tradições argentinas, o churrasco — estão perdendo espaço: em março, o consumo de carnes no país atingiu no menor nível em 30 anos, segundo a Câmara da Indústria e Comércio de Carnes e Derivados da Argentina.
Argentinos estão comendo menos carne
Segundo os dados do Indec, o consumo privado caiu 6,7% no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto o consumo público recuou 5%.
A suspensão de projetos de infraestrutura do Estado após os cortes de gastos de Milei levaram também a perdas de empregos em setores importantes, como o de construção.
Milei tem argumentado que o país precisa reorganizar suas finanças, após anos de déficits que prejudicaram a reputação do país junto a investidores globais. A melhora das contas públicas têm ocorrido, no entanto, a custo de impactos como o aumento da pobreza e a piora no consumo.
Na balança comercial, as importações do país caíram 20,1% no primeiro trimestre, enquanto as exportações do país aumentaram 26,1%.
* Com informações da agência de notícias Reuters

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