Para Marcelo Fonseca, economista-chefe da Reag Investimentos, a PEC da transição e o fim do teto de gastos com a aprovação do arcabouço colocaram as contas públicas em uma “trajetória absolutamente insustentável”. Entrevista: Dólar dispara em meio a falas de Lula sobre o BC
O dólar fechou em alta nesta sexta-feira (28), encerrando o primeiro semestre de 2024 com valorização de mais de 15%. Cotado a R$ 5,5884, a moeda americana chegou ao maior patamar desde 10 de janeiro de 2022 (R$ 5,6742).
Em entrevista à GloboNews, o economista-chefe da Reag Investimentos, Marcelo Fonseca, explicou que dois problemas são responsáveis pela oscilação da moeda: o “descontrole profundo das contas públicas”, que tem sido agravado por um problema político, onde se encaixam os discursos do presidente Lula, e a eliminação do testo de gastos com a criação do arcabouço fiscal (veja a entrevista acima).
“Quando o então novo governo eleito propôs a PEC da transição, propondo o aumento dos gastos públicos da ordem de aproximadamente R$ 200 bilhões, em torno de dois pontos percentuais do PIB. Havia uma necessidade reconhecida por todo mundo que mantivesse os programas sociais, já que a gente saia de uma pandemia, mas as contas feitas pelos especialistas apontavam que seriam necessários para fazer isso valores muito menores, por volta de R$ 60 bilhões, R$ 70 bilhões. Num ato de irresponsabilidade política de todo sistema político, fizemos uma situação de gastos muito forte”, explicou Marcelo Fonseca.
A substituição do teto de gastos pelo novo arcabouço foi outro ponto importante para o cenário atual, segundo Fonseca.
“O novo arcabouço não tem os elementos necessários para permitir uma gestão crível, consistente das contas públicas. A PEC da transição e o fim do teto de gastos com a aprovação do arcabouço colocaram as contas públicas em uma trajetória absolutamente insustentável”.
Para o economista, é preciso ficar alerta com o que está acontecendo com as contas públicas.
“A percepção é que não existe em Brasília alguém que venha segurar as rédeas desse processo e tomar as medidas necessárias para ‘reancorar’ as expectativas sobre as contas públicas. Da forma como estão, vamos caminhar para uma nova crise fiscal, parecida com a que tivemos em 2014-2016”, completou Marcelo Fonseca.
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