Interrupção nos cortes de juros ‘tem a ver muito mais com ruídos que criamos’, diz presidente do BC

Interrupção nos cortes de juros ‘tem a ver muito mais com ruídos que criamos’, diz presidente do BC

Roberto Campos Neto deu palestra em evento do Banco Central Europeu em Portugal. Presidente do BC não detalhou quais ‘ruídos’ estão afetando a economia, na visão dele. Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto
Reuters/Brendan McDermid
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou nesta terça-feira (2) que a interrupção do ciclo de corte de juros pela instituição, em junho deste ano, “tem a ver muito mais com ruídos que nós criamos do que com os fundamentos [da economia]”.
Ele não detalhou, na declaração, quem criou os ruídos citados.
A declaração foi dada durante palestra no Forum on Central Banking, promovido pelo Banco Central Europeu (ECB), em Portugal (Sintra).
“Isso [interrupção dos cortes de juros] tem a ver muito mais com ruídos que nós criamos do que com os fundamentos [da economia]. E os ruídos estão relacionados com dois canais: um é a expectativa do caminho da política fiscal [arrecadação e gastos públicos], e o outro é a expectativa sobre o futuro da política monetária [decisões sobre a taxa de juros]. Então quando você tem esses dois [ruídos] ao mesmo tempo, criou-se uma incerteza suficiente que, para nós, precisávamos interromper e ver como podíamos arrumar esse canal, e como nós podemos nos comunicar melhor para eliminar esses ruídos”, disse Campos Neto.
De acordo com Campos Neto, há uma “grande desconexão” entre os dados correntes da economia, como as informações sobre as contas públicas, e as informações sobre política monetária (inflação e seu impacto na taxa de juros) e as expectativas dos agentes do mercado financeiro.
“O que aconteceu no Brasil é que as expectativas começaram a subir apesar de os dados correntes [de inflação] estarem vindo conforme o esperado”, explicou o presidente do BC.
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Declarações do presidente Lula
O aumento do dólar, nas últimas semanas, tem acompanhado declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre cortes de gastos, ou a ausência de uma sinalização mais forte de que isso será levado adiante pelo governo, e sobre críticas à atuação do Banco Central.
Nesta terça-feira (2), o dólar voltou a operar em alta e encostou nos R$ 5,68, com investidores ainda repercutindo as mais recentes críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Banco Central do Brasil (BC), em especial as dirigidas à presidência da instituição.
Às 11h30, o dólar subia 0,45%, cotado a R$ 5,6784. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,6869. No dia anterior, o dólar teve alta de 1,15%, cotado a R$ 5,6527. Veja mais cotações.
Em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador (BA), Lula disse que há um “jogo de interesse especulativo” contra o real e que a reação de alta da moeda americana após as críticas feitas por ele ao Banco Central e ao seu presidente, Roberto Campos Neto, “não têm explicação”.
Ainda ontem, Lula disse que o próximo presidente da instituição olhará para o Brasil “do jeito que ele é, e não do jeito que o sistema financeiro fala”. Após esses comentários, o dólar encerrou o dia vendido a R$ 5,6527, no maior patamar desde 10 de janeiro de 2022.

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