Com isso, a Mobly passa a deter 61,1% de participação na Tok&Stok e se torna a controladora da companhia. Faturamento anual das empresas combinadas é de R$ 1,6 bilhão. Mobly faz acordo para comprar controle da Tok&Stok.
Reprodução/ Mobly / Tok&Stok
A Mobly concluiu nesta sexta-feira (8) a transação para a aquisição do controle da Tok&Stok. O acordo havia sido anunciado em agosto.
Depois de mais de um ano de negociações, a Mobly comprou a parte que era de propriedade dos fundos geridos pela SPX. Com isso, a Mobly passa a ser controladora da Tok&Stok, com 61,1% de participação. Em contrapartida, os fundos da SPX passam a deter 12% da companhia combinada.
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O processo de aumento de capital da Mobly, no entanto, ainda está aberto — o que significa que a família Dubrule, fundadora da Tok&Stok, ainda pode aderir à transação. Caso isso ocorra, a Mobly passará a deter 100% de participação na Tok&Stok. (entenda mais abaixo)
Com a operação, a Mobly passa a operar cerca de 70 lojas físicas, de ambas as marcas. A receita líquida anual combinada atinge R$ 1,6 bilhão.
Em entrevista ao g1, o presidente da Mobly, Victor Noda, afirmou que deve acompanhar os outros dois fundadores da companhia, Marcelo Marques e Mario Fernandes, até o escritório da Tok&Stok na próxima segunda-feira (11), com o objetivo de comunicar a fusão das empresas aos funcionários e detalhar o plano de integração das duas empresas para as equipes de liderança.
“Nossa expectativa é capturar boa parte das sinergias entre 3 e 6 meses”, diz Noda, destacando que vê possíveis melhoras em custos de mercadorias, negociação com fornecedores e oportunidades com questões tributárias e fiscais.
Ainda segundo o executivo, a transação deve trazer, também, uma integração das lideranças das duas companhias.
“Os fundadores da Mobly passam a ser administradores da Tok&Stok também e, nos demais nívels, a ideia é que os diretores se dividam, olhando para as duas companhias ao mesmo tempo”, afirmou Noda.
O que muda para os consumidores?
Segundo o presidente da Mobly, nada deve mudar para os consumidores. Ele reforçou que as duas marcas serão mantidas, cada uma com seu próprio público-alvo.
“Para a Tok&Stok, temos a intenção de levar nossa iniciativa de fabricação de móveis. Isso deve reduzir o custo, o que permite não apenas aumentar a nossa margem, mas oferecer preços menores para o cliente final”, disse Noda.
Além disso, o executivo destacou que os clientes Tok&Stok também passarão a ter mais opções de entrega, com diferentes preços.
Já para a Mobly, a ideia é montar um portfólio completo para a companhia usando a expertise da Tok&Stok em desenvolvimento de produto.
“Nosso objetivo é usar a expertise das duas empresas para fortalecer a proposta de valor de cada uma”, completou o executivo.
Victor Noda, presidente da Mobly.
Divulgação/ Mobly
Polêmica com a família Dubrule
Desde o início das negociações, a família Dubrule, fundadora da Tok&Stok, tem se mostrado contrária à transação.
Após o anúncio do acordo, feito em agosto deste ano, por exemplo, a família Dubrule chegou a entrar com uma ação na Justiça para tentar barrar a fusão das duas empresas.
Em um dos documentos, Régis Dubrule, Ghislaine Dubrule e Paul Dubrule chegaram a afirmar que não havia urgência para o ajuizamento do pedido de recuperação extrajudicial sem uma deliberação por parte dos acionistas da Tok&Stok em uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE).
A família também afirmou que havia impedimento da SPX, então controladora da companhia, em deliberar o assunto em razão de um “conflito de interesse” e disse ser impossível levar em conta a adesão dos credores ao plano de recuperação, pois eles estariam sendo beneficiados pelo acordo — uma vez que suas gestoras teriam feito a assessoria financeira da operação societária.
O pedido da família foi negado e o plano de recuperação extrajudicial foi homologado pela Justiça nesta semana.
Crise na Tok&Stok
Desde o ano passado a empresa enfrenta problemas financeiros. Foram vários episódios vividos pela rede de móveis. A companhia chegou a contratar a consultoria Alvarez & Marsal no início de 2023 para formatar uma reorganização financeira de uma dívida que chega a R$ 600 milhões.
Também no começo do ano passado, a empresa foi alvo de uma ação de despejo por falta de pagamento de aluguel, em Minas Gerais.
Apesar de ter conseguido quitar o valor de mais de R$ 2 milhões, posteriormente, a companhia enfrentou uma nova dificuldade em junho de 2023, após a Justiça determinar que a varejista precisaria desocupar um shopping em Ribeirão Preto, por conta de um novo atraso no aluguel.
Além disso, em abril, um dos principais parceiros de tecnologia da Tok&Stok entrou com um pedido de falência para a empresa em abril, alegando ter um valor em atraso de R$ 3,8 milhões para receber da rede de móveis, referente à conclusão antecipada de um projeto.
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