PIB de 2018 não surpreende, mas frustra promessa de crescimento maior, dizem economistas

PIB de 2018 não surpreende, mas frustra promessa de crescimento maior, dizem economistas


Economia brasileira cresceu no mesmo ritmo de 2017; Evolução do PIB ano a ano
Juliane Souza/G1
O crescimento de 1,1% da economia em 2018 veio dentro das expectativas, mas o resultado frustrou promessas de um avanço mais acelerado projetadas 12 meses atrás. O PIB avançou no mesmo ritmo de 2017, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Veja como os brasileiros sentiram a economia em 2018
Na última previsão do mercado financeiro, divulgada esta semana, os economistas esperavam um crescimento de 1,21%.
Para a economista e sócia da Tendências Consultoria, Alessandra Ribeiro, apesar de o crescimento não ter surpreendido, foi uma grande frustração em relação às expectativas do início de 2018.
“Houve uma junção de choques que atrapalharam o crescimento, como a greve dos caminhoneiros e a crise de importantes parceiros comerciais, mas os problemas estruturais continuaram freando o avanço”, avalia.
Evolução do PIB ano a ano
Juliane Souza/G1
Destaques positivos do PIB
Para Alessandra, da Tendências, o consumo das famílias está entre os maiores destaques do ano, com alta de 1,9%. Outro ponto positivo, pelo lado da demanda, foram os investimentos (a Formação Bruta de Capital Fixo), que cresceram 4,1%, primeira alta após três anos de queda. “Foram os dois motores do crescimento”, comenta, acrescentando que no caso dos investimentos, o avanço foi puxado pela categoria de máquinas e equipamentos, enquanto a construção civil ainda não saiu do buraco, retraindo 2,5%. Segundo a economista, o setor ainda sofre com o grande volume de estoques de imóveis, que demoram meses para caírem – o que explica o mau desempenho da construção civil, apesar de a atividade imobiliária ter crescido 3,1%, ajudando a impulsionar o setor de serviços.
Serviços poderia avançar mais
Apesar de o setor de serviços ter sustentado grande parte do crescimento pelo lado da oferta, o avanço de 1,3% em 2018 poderia ter sido mais robusto, na visão do economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira. “Eu esperava um crescimento um pouco maior de serviços, visto que o consumo das famílias cresceu mais (1,9%), e mesmo que não exista uma correlação direta entre eles, esse resultado mostra que serviços não está tão bem assim”, aponta.
Serviços aumentou seu peso na economia brasileira, respondendo por 75,8% de toda a riqueza produzida no país. “É natural, já que serviços cresceu mais que os demais componentes da oferta [indústria e agronegócio]”, diz Alessandra, da Tendências.
Variação do PIB nos setores no ano de 2018
Juliane Souza/G1
Papel da indústria e agricultura
A indústria, que cresceu 0,6% – primeira alta num ano fechado em quatro anos – também teve um papel importante no resultado geral, com um peso em torno de 25%, observa Alessandra. Apesar de a construção civil ter vindo ruim, eletricidade e a indústria de transformação ajudaram a dar tração ao setor produtivo.
Já o agronegócio, que ficou estável em relação ao ano anterior, teve na verdade um bom desempenho, se considerada a base muito positiva de crescimento em 2017, destaca o economista Jason Vieira.
Perspectivas para 2019
Para o economista-chefe da Necton Corretora, André Perfeito, o resultado do ano passado sugere que 2019 tende a ser um ano fraco para a economia. “O setor externo ajudou no ano passado, mas não deve ajudar mais em 2019, devido ao contexto de desaceleração da economia global”.
Para ele, o mercado deve revisar negativamente as projeções e o Banco Central pode sinalizar para um corte de juros, para estimular a economia.
Vieira, da Infinity Asset, aponta que o desempenho do PIB em 2019 está quase que inteiramente condicionado à aprovação da reforma da Previdência. Em sua visão, sem ela, a política monetária do BC não surtirá efeito na economia. “Este cenário mostra que esta reforma está cada vez mais necessária. Se o governo não conseguir aprová-la este ano, não haverá mais espaço para o BC cortar juros para tentar estimular a economia”, ressalta.
Variação do PIB pela ótica da demanda
Juliane Souza/G1

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