Com economia estagnada e dólar em alta, Copom deve manter juros em 6,5% ao ano

Com economia estagnada e dólar em alta, Copom deve manter juros em 6,5% ao ano

Selic está no menor patamar da série história e, se for mantida em 6,5% ao ano, será a nona manutenção seguida. Decisão deve ser anunciada por volta das 18h. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reunirá nesta quarta-feira (8), e a expectativa do mercado financeiro é que a taxa básica de juros, a Selic, seja mantida em 6,5% ao ano.
Se confirmada, esta será a nona manutenção seguida da taxa Selic, que permanecerá no menor patamar da série histórica. A decisão será anunciada por volta das 18h.
A principal missão do Banco Central é controlar a inflação, e a base é o sistema de metas.
Para este ano, por exemplo, a meta central de inflação é de 4,25%, podendo oscilar entre 2,75% a 5,75%. Para 2020, a estimativa é de 4% – com oscilação de 2,5% e 5,5%.
Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o BC reduz os juros. Quando estão acima da trajetória esperada, a taxa Selic é elevada.
Banco Central mantém juros em 6,5% ao ano pela 8ª vez seguida
Cenário econômico
A reunião do Copom acontece em um momento conturbado na economia brasileira e no cenário externo.
O crescimento da economia segue em ritmo lento, o que contem as pressões inflacionárias. O desemprego, por exemplo, subiu para 12,7% em março, e atingiu 13,4 milhões de brasileiros.
Diante desse cenário, o mercado financeiro passou a prever que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ficará em 1,49%, enquanto a estimativa era de 2,6%.
Além disso, aumentaram os riscos de desaceleração da economia global em razão da tensão comercial entre Estados Unidos e China. No último domingo (5), o presidente Donald Trump anunciou nova sobretaxa a produtos chineses.
Por outro lado, fatores como a alta do dólar, a febre suína e o aumento no preço dos combustíveis, entre outros, têm pressionado o aumento da inflação. A moeda norte-americana, que chegou a bater em R$ 4 nesta terça-feira (7), poderia ter impacto inflacionário em razão dos insumos, e dos produtos e serviços importados. Com a alta do dólar, eles ficariam mais caros. Analistas, porém, avaliam que esse repasse é limitado. “As moedas reagem contra as falas belicosas de Trump e o imbróglio comercial com os chineses. Com a moeda norte-americana lá nos R$ 4,00 o mercado doméstico vai aos poucos tirando do radar a hipótese de corte de juros”, avaliou André Perfeito, economista-chefe da Necton. Ele projeta o dólar em R$ 4,10 no fim deste ano.
Os combustíveis também figuram entre os principais agentes da inflação em março e na prévia do mês de abril. Os preços dos combustíveis estão relacionados com o valor do petróleo no mercado externo e do dólar, entre outros.
Um novo fator analisado por economistas é o impacto da febre suína, na China. Em artigo, o economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otavio de Souza Leal, avalia que a redução da oferta chinesa afetaria todo o “complexo de carne”, o que englobaria também frangos.
O analista estimou um repasse de 1,2 ponto percentual no IPCA, a inflação oficial brasileira, sendo 25% desse impacto no último trimestre deste ano (0,30 ponto percentual) e, o restante, ao longo de 2020 – ou seja, 0,9 ponto percentual na inflação do ano que vem.
O Copom tem informado, nos comunicados das últimas decisões sobre a taxa de juros, que adotará “cautela e serenidade” no futuro, sinalizando juros estáveis nos próximos meses. O mercado prevê que a taxa permanecerá em 6,5% ao ano até julho de 2020.
Juros elevados
Embora os juros básicos estejam no menor patamar da série histórica do Banco Central, as taxas cobradas pelas instituições financeiras ainda seguem em patamares elevados.
Reduzir os juros bancários é um dos desafios apontados por economistas para o governo.
Dados oficiais mostram que, em março, os juros bancários médios nas operações com pessoas físicas somaram para 53,7%. Em algumas modalidades, como no cheque especial e no cartão de crédito rotativo, os juros ficaram ao redor de 300% ao ano.
As altas taxas de juros, atualmente cobradas pelos bancos, inibem o consumo e também os investimentos na economia brasileira, avaliam analistas.
Dados do BC mostram que os quatro maiores conglomerados bancários do país detinham, no fim de 2017, 78% de todas as operações de crédito feitas por instituições financeiras no país. No ano passado, a rentabilidade dos bancos brasileiros foi a maior em sete anos, e o seu lucro bateu recorde.
Rendimento da poupança
Se confirmada a nova manutenção dos juros nesta quarta-feira, o rendimento da poupança também deverá permanecer o mesmo.
Pela regra atual, em vigor desde 2012, os rendimentos da poupança estão atrelados aos juros básicos sempre que a Selic estiver abaixo de 8,5% ao ano.
Nessa situação, a correção anual das cadernetas fica limitada a um percentual equivalente a 70% da Selic, mais a Taxa Referencial, calculada pelo BC. A norma vale apenas para depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012.
Se o juro básico da economia continuar em 6,50% ao ano, a correção da poupança permanecerá sendo de 70% desse valor – o equivalente a 4,55% ao ano, mais Taxa Referencial.

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