‘Bati na porta da Nasa várias vezes’: conheça Ivair Gontijo, o brasileiro que trabalha nas missões espaciais americanas até Marte

‘Bati na porta da Nasa várias vezes’: conheça Ivair Gontijo, o brasileiro que trabalha nas missões espaciais americanas até Marte


Há 13 anos no laboratório JPL em Los Angeles, o físico estudou em escolas públicas e se formou pela Universidade Federal de Minas Gerais. Chegou a fazer curso técnico em agropecuária. Ivan Gontijo, brasileiro que trabalha nas missões espaciais a Marte, na Campus Party 2019.
Carolina Dantas/G1
Ivair Gontijo, líder de uma das equipes que ajudaram na aterrissagem do robô Curiosity em Marte, é brasileiro — um “mineirim” de Moema, cidade com cerca de 7,4 mil habitantes. Em palestra de abertura na Campus Party na noite desta terça-feira (12), ele contou uma parte do longo caminho até o topo da carreira no Jet Propulsion Laboratoty (JPL), laboratório da agência espacial americana (Nasa).
“O processo de entrar na Nasa com certeza é complexo. É a mesma coisa em qualquer país. Por que eles vão dar emprego pra um estrangeiro se tem mil americanos querendo o mesmo emprego? Eu bati na porta da Nasa várias vezes. Não foi da primeira vez. Nem da segunda. Foram muitas vezes. E eu não aceito um “não” facilmente. É isso, a gente tem que continuar insistindo”, disse o físico.
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Ivair estudou em escolas públicas no interior de Minas Gerais até os 18 anos. Chegou a fazer um curso técnico em agropecuária e trabalhou na região ao redor da nascente do Rio São Francisco. Então, decidiu estudar física e se mudar para Belo Horizonte — ele fez faculdade na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Ter trabalhado em uma fazenda aguça primeiro a curiosidade da gente, vendo aquela noite tão escura, aquele céu espetacular, e a vontade de criar uma carreira científica. Então, eu trabalhei na fazenda por 3 anos economizando dinheiro para ir para Belo Horizonte estudar”. Antes de se mudar para Los Angeles, em 1998, ele fez mestrado ainda no Brasil e doutorado na cidade de Glasgow, na Escócia. Há 10 anos, ele ajudou a construir os transmissores e receptores do radar usado na descida do robô Curiosity até a superfície de Marte. A missão triunfou desde 2012: encontrou moléculas orgânicas, desvendou detalhes sobre as estações climáticas marcianas e detalhou as variações de temperatura do planeta — faz -90ºC nas noites de inverno e 0ºC nas noites de verão. Para Ivair, a colonização fora da Terra tem outras questões além do frio: “É possível e é distante. Ainda temos desafios gigantescos. Até para produzir oxigênio durante uma viagem tripulada para Marte. Produzir comida. O espaço muito pequeno, confinado. A viagem demora 8 meses e meio, quase 9 meses. Tudo isso é muito complexo, muito difícil, mas são problemas de engenharia, e com certeza os humanos têm a capacidade para resolver”.
Mars 2020
Anunciado em 2012, o projeto Mars 2020 foi desenvolvido com base nas descobertas do robô Curiosity (na foto). A missão é um passo para enviar humanos na década de 2030.
Nasa/JPL
Agora, o desafio é participar na construção dos instrumentos da missão “Mars 2020”. A Nasa vai enviar uma pequena aeronave autônoma de asas rotativas para explorar a atmosfera de Marte. O chamado “Mars Helicopter” deve ser embarcado junto do robô Mars 2020.
“O novo veículo [da missão Mars 2020] tem três instrumentos que são uma colaboração internacional. Eu sou o engenheiro responsável por todas as interfaces, uma parte feita na França, uma parte no Novo México, e outra na Espanha. Eu represento esses três grupos, quando estou conversando com os colegas que estão projetando e construindo o veículo”, explica Ivair. Anunciado em 2012, o projeto Mars 2020 foi desenvolvido com base nas descobertas do robô Curiosity. A missão é um passo para enviar humanos na década de 2030.
“Eu acho que o pior para a colonização é a ausência de atmosfera, em comparação com a Terra. A atmosfera lá é praticamente só CO2, 95%. E a pressão atmosférica é menos de 1% da pressão atmosférica na Terra”.

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