Em rara aparição na CES, Apple discute privacidade com Facebook

Em rara aparição na CES, Apple discute privacidade com Facebook

Facebook e Apple se encontram na CES para discutirem privacidade — Foto: Thiago Lavado/G1Facebook e Apple se encontram na CES para discutirem privacidade — Foto: Thiago Lavado/G1

Facebook e Apple se encontram na CES para discutirem privacidade — Foto: Thiago Lavado/G1

A Consumer Electronic Show (CES) é uma feira sobre produtos e gadgets que raramente vê presenças como Facebook e Apple. Mas uma mesa redonda realizada nesta terça-feira (7) durante o evento jogou holofotes nas duas empresas que discutiram um tema controverso entre as gigantes de tecnologia: privacidade.

O Facebook foi representado por Erin Egan, vice-presidente e diretora de privacidade na rede social. Já Apple trouxe a diretora-sênior de privacidade global, Jane Horvath — a primeira vez que um executivo da empresa veio à CES desde 1992.

Também estavam presentes Susan Shook, diretora de privacidade da Procter & Gamble, e Rebecca Slaughter, comissária da Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC, na sigla em inglês).

O evento por si só já é chamativo: Apple é a empresa que usa privacidade como parte integrante do marketing da companhia e que, no ano passado, até fez uma propaganda gigante durante a CES sobre isso, cutucando outras empresas do mercado.

O Facebook, por outro lado, está há anos envolvido com problemas causados por mal uso dos dados dos usuários — a empresa inclusive recebeu uma multa recorde da FTC, de US$ 5 bilhões por causa do caso Cambridge Analytica.

Porém, a Apple não passou impune e também teve polêmica no ano passado, quando foi revelado que conversas da assistente Siri eram ouvidas por funcionários para aprimorar a assistente de voz — um problema que também aconteceu com Facebook, Google e Amazon.

Negócios diferentes

Justamente por essas peculiaridades, a conversa durante a CES teve momentos acalorados. Em diversos momentos em que Horvath, da Apple, afirmava algo, Egan, do Facebook, dizia que a rede social tinha a mesma abordagem sobre privacidade.

“Tudo que Jane [Horvath] acabou de dizer ressoa completamente com como nós abordamos privacidade no Facebook”, afirmou a executiva da rede social, após a diretora da Apple dizer que a fabricante tem um time de engenheiros e advogados especializados para discutir novos produtos e que a empresa dá aos usuários controle e escolha sobre seus dados.

A diferença ficou mais evidente quando o modelo de negócios das empresas foi explicitado. Horvath afirmou que a Apple tenta ao máximo diminuir a quantidade de dados que coleta, usando os smartphones para fazer processamento local de informações ou gerando ruído para que um dado não posso ser ligado a um usuário, por exemplo.

Essa é uma prerrogativa que o Facebook não tem: a empresa sobrevive de vender publicidade direcionada com base em informações de usuários da plataforma.

“No Facebook nós temos um modelo de negócio diferente da Apple, mas ambos os modelos são voltados para proteção da privacidade”, afirmou Egan que disse haver valor em serviços gratuitos (como os do Facebook, que também é dono do WhatsApp e do Instagram). “Nós coletamos dados que precisamos para servir as pessoas”, disse.

Na visão de Rebecca Slaughter, a comissária da FTC que também participou da discussão, o fardo de vigiar o que acontece com os próprios dados está atualmente com o consumidor, que tem dificuldade em dizer quais empresas têm dados sobre ele e como essas informações são usadas.

“A quantidade de informação que você precisa processar para entender o que está acontecendo com os seus dados é insuportável para a maioria dos consumidores”, disse a comissária, que, ao contrário da executiva do Facebook, afirmou que não considera que atualmente a maioria das políticas de dados sejam protetores com os usuários.

“Qual é o valor diferencial de publicidade direcionada e qual é o custo disso? Acredito que essa é uma área que precisamos aplicar escrutínio e entender os benefícios e os custos”, disse Slaughter.

O assunto da privacidade, aparentemente, é caro aos frequentadores da CES: o salão que recebeu a conversa, com quase 500 cadeiras, estava lotado e pessoas tiveram de ser acomodadas em outra sala para assistir à mesa redonda por vídeo.

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