Setor de academias está ‘em estado crítico’, diz presidente da Smart Fit

Setor de academias está ‘em estado crítico’, diz presidente da Smart Fit

Das 840 unidades da rede de academia Smart Fit, apenas 16 estão abertas. E não há previsão de quando a empresa verá a sua operação retomar na totalidade. Na segunda-feira (11), o presidente Jair Bolsonaro incluiu as academias como atividades essenciais, mas boa parte dos governadores manteve a proibição de abertura.

“O setor está em estado crítico. O pessoal está encerrando a atividade, vendendo equipamento. É uma situação bem preocupante”, afirma o presidente da Smart Fit, Edgard Corona. Uma eventual abertura das unidades, segundo o executivo, só vai ocorrer com o aval das autoridades locais.

Sem receita, a Smart Fit tem conseguido sobreviver por causa das operações financeiras realizadas no fim do ano passado: uma emissão de debêntures que totalizou R$ 1,3 bilhão e uma capitalização de R$ 1,16 bilhão.

“A pergunta é quanto tempo você aguenta ficar embaixo da água. Já não estou nem olhando para a segunda onda (da doença), dependendo de como for a primeira onda seguramente vamos ter um setor menor porque muita gente vai ficar pelo caminho”, diz.

Edgard Corona, presidente da Smart Fit — Foto: DivulgaçãoEdgard Corona, presidente da Smart Fit — Foto: Divulgação

Edgard Corona, presidente da Smart Fit — Foto: Divulgação

A seguir os principais trechos da entrevista:

  • Qual foi o impacto da crise no seu negócio?

Das 840 unidades, 16 estão abertas. A situação é muito parecida em todas as academias do Brasil: zero receita e aluguel correndo. No nosso caso, tínhamos um fôlego bastante razoável por causa de aportes realizados no ano passado. O setor está em estado crítico. O pessoal está encerrando a atividade, vendendo equipamento. É uma situação bem preocupante.

  • Qual é o tamanho do fôlego da empresa?

É grande. Somos uma exceção. Tivemos uma capitalização, emitimos uma debênture. Temos uma situação boa de caixa. Não é realidade das 30 mil academias do país.

  • Vocês usaram algumas das medidas do governo?

Usamos a MP 936 (medida provisória permite a suspensão de contratos de trabalho ou a redução salarial e de jornada). Foi importante porque não pode ficar com buraco no caixa um, dois, três meses sem.

  • O governo federal classificou as academias como uma atividade essencial e permitiu a reabertura. Faz sentido?

A gente acha que é um reconhecimento. Se olhar fora do Brasil, a gente viu que a venda na China está muito parecida com o que se vendia em academias no pré-crise, mas com um mudança comportamental importante. Cerca de 35% dos novos clientes eram sedentários, nunca tinham praticado atividade física e entenderam que estar saudável, evitar comorbidades, é um mecanismo de proteção. Gerou uma consciência que ela não existia antes desse surto, desse desastre que nós estamos passando como sociedade.

Unidade da Smart Fit — Foto: Divulgação/Facebook Smart FitUnidade da Smart Fit — Foto: Divulgação/Facebook Smart Fit

Unidade da Smart Fit — Foto: Divulgação/Facebook Smart Fit

  • Apesar da liberação do governo federal, os estados mantiveram a proibição. Qual é a sua avaliação?

Cada um vive a sua situação. O governo do Rio Grande do Sul aponta regiões com mais contaminação, menos contaminação e cria planos de reabertura com mais ou menos flexibilidade em função da situação. No governo de Minas Gerais, tem aquela história de descentralizar e passar para a decisão do gestor local. O que eu posso dizer é que do jeito que a nossa atividade está estruturada de forma bastante segura.

A gente não imagina que vai abrir tudo de uma vez. Em algumas cidades do estado de São Paulo, as academias poderiam estar abertas. Em outros lugares, não é possível porque não há rede hospitalar. É difícil olhar para todos os municípios e dizer que quem está gerindo (essa crise) não está fazendo o correto.

  • E como se dará o processo de reabertura das academia?

A gente precisaria pensar quais são as medidas que dão segurança para o nosso time, para os clientes e para a comunidade que a gente atua. Nós fomos entender fora do Brasil quais medidas foram adotados onde já passou o terremoto, especificamente China, Hong Kong, Singapura, agora um pouco Europa. A ideia era construir um plano com base na experiência dessa turma e e em cima disso nós criamos o nosso protocolo para adotar coisas como tapete para esterilizar os sapatos de quem entra, distância de dois e metro e meio entre cada cliente com marcação no chão, álcool em gel, uso de máscara.

  • Há uma incerteza sobre uma segunda onda da doença, inclusive nesses países citados. Qual será o futuro do setor?

A pergunta é quanto tempo você aguenta ficar embaixo da água. Já não estou nem olhando para a segunda onda, dependendo de como for a primeira onda seguramente vamos ter um setor menor porque muita gente vai ficar pelo caminho. Vamos partir de uma base menor de consumidores e de um país muito mais pobre, mas é a realidade que estamos vivendo. Não tem certo ou errado. É o que tem de ser feito.

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