Comando de companhia estatal não deve ser indicado por presidente da República, propõe IBGC

Comando de companhia estatal não deve ser indicado por presidente da República, propõe IBGC

Os brasileiros estão acostumados a ver a indicação e a demissão de presidentes e diretores de estatais serem feitas pelo presidente da República. Os nomes são aprovados pelo conselho de administração das empresas, mas, na prática, a escolha é feita em conversas com o ministro da área, sendo a palavra final do presidente Jair Bolsonaro.

Foi assim neste mês com a indicação do novo presidente do Banco do Brasil (BBAS3), André Brandão. Também há pouco mais de um ano, quando o presidente Jair Bolsonaro forçou a demissão do então presidente do BNDES, Joaquim Levy, ao dizer, na porta do Palácio do Alvorada, que ele estava “com a cabeça a prêmio”.

Na visão de especialistas, porém, a indicação direta dos dirigentes de estatais pelo presidente da República abre a porta para interferências políticas e partidárias. Nesta segunda-feira, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) lança uma publicação com recomendações de boas práticas para empresas estatais e um dos pontos é que a indicação de presidentes e diretores de estatais seja feita pelo conselho de administração das empresas públicas de forma “independente e autônoma”.

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O ideal para o instituto é que o processo de escolha seja aberto, com candidatos e apoio de especialistas em recrutamento profissional. “A indicação pela Presidência da República não é a melhor prática de governança. O Estado pode até participar, mas o importante é que o conselho seja o responsável pelo processo”, afirma o gerente de Advocacy do IBGC, Danilo Gregório.

“Ao deixar para o conselho, a independência e autonomia do processo é maior. O Estado é mais vulnerável a interesses políticos e partidários e isso não deveria intervir na construção de nenhuma empresa, em nenhuma hipótese”, completa.

Quatro anos depois da aprovação da Lei das Estatais, o instituto decidiu lançar uma espécie de guia – chamado de Boas Práticas de Governança Corporativa para Empresas Estatais – com orientações e princípios para a gestão dessas empresas. “Esse não é um assunto encerrado. A lei não resolveu todos os problemas e está sujeita a alteração de tempos em tempos”, diz.

Entre as recomendações, que seguem o padrão dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), está ainda a criação de uma política nacional de propriedade estatal, que daria o norte para criação e mesmo privatização de empresas públicas.

A política pode ser feita por uma lei ou decreto e estabeleceria justificativas e critérios para a existências de empresas públicas e compromissos a serem assumidos pelo Estado como controlador. Teria, por exemplo, requisitos de eficiência das empresas estatais, expectativas sobre cada empresa e diretrizes para remuneração dos administradores.

“Há empresas que não precisam existir. Mas a ideia da política é tirar a discussão sobre privatização ou governança do embate ideológico. As empresas precisam ser privatizadas, ou mantidas, com base em evidências, estudos”, completa.

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Outra sugestão é a criação de uma instância independente, como uma agência ou órgão, para coordenar e fiscalizar a governança nas empresas estatais. A crítica é que hoje as estatais ficam sujeitas aos ministérios setoriais, o que abre espaço para influências políticas, principalmente relacionadas à indicação de integrantes da empresa.

Avanços

Para Gregório, a Lei das Estatais trouxe avanços principalmente para estatais maiores e listadas em Bolsa. Para as de faturamento anual abaixo de R$ 90 milhões, no entanto, muitas regras não se aplicam, como a exigência de experiência e qualificação de seus gestores. A recomendação do instituto é que também as companhias de menor porte também sigam essas regras.

Também são sugeridas diretrizes para a divulgação de informações, como apresentar informações atualizadas e abrangentes sobre a empresa em meio digital, incluindo estatutos, objetivos, estrutura de propriedade e voto de cada empresa, política salarial, benefícios, política de contratação, calendário de reuniões e outros.

O documento sugere ainda ações na área socioambiental, como a divulgação do compromisso e ações adotadas pelas empresas em relação ao meio ambiente, à comunidade local, aos funcionários, à saúde pública, à segurança e aos direitos humanos.

Recomendações do IBGC de boas práticas de governança para estatais:

  • Indicação de diretores e presidentes pelo conselho de administração de cada estatal.
  • Criação de uma política de propriedade estatal com critérios técnicos para abertura e privatização de estatais.

  • Criação de uma instância de coordenação (como uma agência) para fiscalizar e orientar a governança de estatais.

  • Critérios de qualificação e experiência na contratação de diretores também por estatais de menor porte.

  • Divulgação online e transparente de informações como estatutos, objetivos, estrutura de propriedade e voto de cada empresa, política salarial, benefícios, política de contratação, calendário de reuniões e outros.

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    Divulgação de compromissos e ações na área socioambiental, como ações adotadas pelas empresas em relação ao meio ambiente, à comunidade local, aos funcionários, à saúde pública, à segurança e aos direitos humanos.

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