Cenário de mudanças demanda atenção para estratégias de investimentos

Cenário de mudanças demanda atenção para estratégias de investimentos

Juros mais altos, no Brasil e no mundo. Aumento da inflação em países desenvolvidos e em desenvolvimento. Bolsa brasileira desvalorizada. Baixa cotação do real. Grupos de países saindo da pandemia – com a perspectiva do nosso país, apesar da resiliência surpreendente de sua economia, experimentar um primeiro semestre difícil antes de recuperar o crescimento econômico.

Para os onze especialistas que participaram do evento online e gratuito Perspectivas Econômicas e de Investimentos para o Brasil em 2021, esse é o cenário macroeconômico que se desenha para os próximos meses.

Realizado na tarde de 30 de março, o encontro contou com as participações dos presidentes do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano.

Apresentado pelo Banco Daycoval, contou também com a presença de dois ex-presidentes do Banco Central: Henrique Meirelles, atual secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, e Gustavo Franco, membro do Conselho de Administração do Daycoval.

“O evento foi pensado para retribuir aos clientes, e ao mercado em geral, com reflexões de alto nível, e com a mesma diversidade que caracteriza o banco”, afirma Morris Dayan, diretor-executivo do banco Daycoval e idealizador do encontro. “Com 53 anos de história, o Daycoval sempre foi voltado ao crédito mas também oferece um cardápio muito diversificado de opções, que se refletem na variedade de temas abordados durante o encontro”, completa.

Cenário macro

Na abertura do evento, Gustavo Franco entrevistou Roberto Campos Neto – que, como Franco fez questão de lembrar, é neto do economista Roberto Campos, um dos idealizadores do Banco Central e do BNDES.

“Seu avô era um dos defensores da autonomia do Banco Central e agora você deverá se tornar o primeiro presidente do Banco Central com mandato de quatro anos”, lembrou ele, fazendo referência ao projeto de lei recém-sancionado que estabelece que o presidente e os diretores da autarquia federal atuarão por períodos fixos pré-determinados.

“A evidência empírica mostra que países que têm Banco Central mais autônomo têm inflação mais baixa e taxa de juros mais estável”, concordou Campos Neto. Ele também lembrou que, apesar das dificuldades do início do ano, a economia brasileira se mostrou mais resiliente do que o esperado.

“Ao mesmo tempo que vemos um cenário de insegurança em março, abril e maio, a produção industrial está bem acima do nível do início da pandemia”, afirmou. “Nosso primeiro semestre está abaixo, mas entendemos que o segundo vai ser mais forte”.

Perguntado sobre o que tira seu sono neste momento, o presidente do BC respondeu: “A primeira é a vacinação eficiente, que possibilitará o retorno das pessoas ao trabalho e a normalização da economia. A segunda é o descontrole fiscal. É muito difícil segurar o monetário quando o fiscal está descontrolado”.

Para Campos Neto, está se instaurando no Brasil uma revolução: “Existem vários sistemas tentando reunir mídias socias ao sistema financeiro, e logo o WhatsApp vai ser aprovado para fazer pagamentos”. Para ele, o open banking vai gerar uma grande segmentação. E a moeda digital nacional ainda será implementada, assim que algumas questões foram solucionadas. “Temos projetos em andamento, mas, por enquanto, temos mais perguntas que respostas”.

Mais tarde, em sua fala de encerramento, Henrique Meirelles também abordou as perspectivas macroeconômicas para 2021. “As projeções de crescimento para o Brasil são relativamente positivas”, afirmou ele. Por outro lado, Meirelles avaliou que “a reforma administrativa apresentada é suave demais, não é o suficiente”. E concordou com Campos Neto a respeito da imunização: “Quanto maior o número de trabalhadores brasileiros vacinados, melhor para a economia”.

Crédito para pequenas empresas

Outro tema de destaque durante o evento foi o crédito para pequenas e médias empresas, especialmente durante a crise atual. No centro do debate, o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, e Carlos Dayan, diretor-executivo do Banco Daycoval.

“Os empresários são heróis nacionais. Com agente repassador do governo, hoje o BNDES segue uma diretriz muito clara, a de dar suporte para aqueles que mais precisam, que são os pequenos e médios empresários”, afirmou Montezano.

Ele informou que, diante do sucesso do uso do Fundo Garantidor para Investimentos (FGI) em 2020, o programa será retomado este ano, agora com foco nos setores que mais precisam. “Estamos prontos para atuar, com agilidade, onde o calo aperta, para aquelas camadas do tecido econômico onde a vida está mais dura”, disse ele.

O FGI é o mecanismo pelo qual o banco de fomento garante 80% do valor repassado pelas instituições financeiras. Carlos Dayan lembrou que esse fundo já existia antes da crise, e o Daycoval participou ativamente de sua criação.

“Gostaria de convidar os empresários a entrar em nosso site e procurar pelo crédito digital”, disse ele. Ali, é possível solicitar empréstimos de forma inteiramente online, sem burocracia, e assim ter acesso ao FGI por intermédio do Daycoval.

Perspectivas para investidores

Dois outros painéis do evento trataram do mercado de investimentos. O primeiro, sobre perspectivas macro, contou com a participação de Rogério Xavier, da SPX Capital; Luiz Fernando Figueiredo, da Mauá Capital e ex-diretor do Banco Central; e Mário Torós, da Ibiúna Investimentos e ex-diretor do Banco Central.

“É muito provável vermos novos patamares de inflação e de juros à frente”, declarou Xavier. “É um risco grande. Nunca tivemos tanta liquidez ao mesmo tempo e tanta vontade deliberada de ampliá-la”, reforçou Figueiredo. “Do ponto de vista externo, o cenário não é positivo para as moedas de países emergentes”, complementou Mário Torós.

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Painel Renda Variável — Foto: Caio Gallucci

Painel Renda Variável — Foto: Caio Gallucci

O segundo painel abordou especificamente a renda variável. Contou com a participação de Zeca Magalhães, da Tarpon Capital; Luiz Nunes, da Forpus Capital; e Anand Kishore, do Banco Daycoval. “O futuro está nos ativos reais, que conseguem gerar valor no momento que vivemos”, disse Magalhães. “É menos relevante o preço da cotação do real do que sua volatilidade, e estamos vendo uma melhoria nesse quesito, que pode iniciar uma retomada dos investimentos estrangeiros”, declarou Nunes.

“Buscamos no Daycoval empresas que, independentemente do cenário econômico, alcançam bons resultados no longo prazo”, explicou Kishore. “É o caso do nosso fundo Daycoval Top Seleção, que foca em 20 empresas, valorizando suas vantagens competitivas e suas práticas ambientais, sociais e de governança”.

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