Novas variantes e baixa vacinação ampliam restrições em países asiáticos

Novas variantes e baixa vacinação ampliam restrições em países asiáticos

Enquanto o Japão se prepara para, com um ano de atraso, sediar os Jogos Olímpicos, os países asiáticos enfrentam um dos piores momentos da pandemia de covid-19 desde sua declaração pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em março de 2020. Em boa parte desses países, planos de flexibilização das medidas de restrição tiveram de ser adiados e, em alguns casos, as restrições foram até mesmo intensificadas.

As razões para isso são basicamente a rápida disseminação da variante Delta do coronavírus – detectada pela primeira vez na Índia e significativamente mais transmissível do que as cepas anteriores -, o avanço mais lento do que o previsto incialmente das campanhas de vacinação e a baixa taxa de imunização natural no caso de países que sofreram menos com as ondas anteriores.

Epicentro das preocupações justamente em razão das Olimpíadas, que começam oficialmente dia 23, Tóquio registrou 476 novos casos de covid-19 nesta terça-feira. Foi o décimo dia consecutivo de aumento, elevando a média semanal em 21,9%. Na véspera, a capital japonesa registrou 317 novos casos.

Em entrevista coletiva, o ministro da Economia japonês, Yasutoshi Nishimura, admitiu que as taxas da infecção em Tóquio estão “um pouco altas”, mas relativizou que “o número de infecções em todo o país está em uma tendência de declínio, se estabilizando”.

Desde o começo da pandemia, o Japão registrou mais de 792.600 casos do vírus e mais de 14.600 mortes. Pouco mais de 20% da população já recebeu pelo menos uma injeção da vacina covid-19.

Já na Tailândia, um país que manteve bons números no esforço contra a covid-19 até o começo deste ano, uma nova onda de casos caracterizada por novas variantes ferozes, como a Delta, ameaça exaurir o sistema de saúde. Nos hospitais, há falta de leitos e as autoridades médicas estão recomendando o isolamento domiciliar para casos assintomáticos.

Vários hospitais públicos importantes, bem como grandes universidades médicas em Bangkok pararam de testar pacientes, em razão da lotação do sistema.

No sábado, o país registrou 4.161 casos e um recorde de 51 mortes. A maioria das novas infecções ocorreu em Bangkok, que continua classificada como zona de controle máximo da doença.

Os novos casos confirmados estão em torno de 2.000 a 4.000 por dia. Isso significa que o país se viu obrigado a lidar com cerca de 1.000 internações pela doença, muitas delas necessitando de unidades de terapia intensiva, nas quais o abastecimento de insumos como oxigênio e medicamentos está se esgotando.

Até o fim de 2020, a Tailândia recebia elogios da comunidade internacional por manter sua contagem de casos diários em dois dígitos.

Em Mianmar, dados do Ministério da Saúde mostram sinais claros de uma nova e intensa onda de infecções por covid-19, num país já castigado pelo golpe militar de fevereiro e a subsequente repressão aos manifestantes, incluindo muitos trabalhadores da saúde.

O Ministério da Saúde e Esportes, controlado pela junta militar, anunciou na segunda-feira 1.225 novos casos, o maior aumento desde meados de dezembro.

“Apenas oficiais médicos e médicos do Exército estão trabalhando nos centros de tratamento covid-19, auxiliados por membros da Cruz Vermelha de Mianmar”, disse um médico de 30 anos ao Nikkei Asian Review sob condição de anonimato.

Antes do golpe, as pessoas recebiam tratamento em postos de saúde baseados na comunidade. O médico disse que esses postos, que ajudaram a conter a disseminação do coronavírus no ano passado, “não estão prontos para abrir neste momento em razão das restrições políticas”. Havia 29 postos funcionando em Yangon no ano passado, mas cinco ou menos estão funcionando agora, acrescentou ele.

Muitos trabalhadores da saúde participaram do movimento de desobediência civil contra o golpe, com mais de 1.000 médicos em 70 hospitais entrando em greve no início de fevereiro.

No caso das Filipinas, as restrições de movimento na região da capital, Manila, e nas províncias vizinhas foram prorrogadas até 15 de julho, mantendo a maior parte do país sob o status de funcionamento parcial.

As províncias de Bulacan, Cavite, Laguna e Rizal permanecerão sob o segundo nível mais baixo de restrições, chamado “quarentena geral da comunidade”, de acordo com uma apresentação do governo durante uma entrevista ao vivo na noite de segunda-feira – relatada pelo jornal de Singapura The Straits Times.

O presidente de extrema direita Rodrigo Duterte está procurando equilibrar a necessidade de proteção contra um aumento nas infecções por covid-19 com o esforço de recuperação econômica da pandemia. As regras permitem que a maioria dos negócios em Manila abram, embora alguns estabelecimentos, incluindo restaurantes, sejam obrigados a operar com capacidade limitada. Outros, como clubes e cinemas, permanecem fechados.

A Indonésia, por seu lado, planeja impor restrições mais rígidas a partir de sábado, enquanto o país mais populoso do Sudeste Asiático enfrenta uma segunda onda de infecções por coronavírus, impulsionadas pela variante Delta. O país tem no turismo uma de suas principais fontes de renda e tem planos para oferecer vacinas a visitantes de Bali, uma de suas atrações naturais, para permitir que a atividade se mantenha.

Além de Bali, as medidas abrangem Jacarta e Java, disse um alto funcionário do governo que falou sob condição de anonimato, a The Straits Times.

Foco da variante Delta, a Índia mantém a maior parte de seus Estados sob rígida restrição sanitária, enquanto se esforça para fazer avançar o programa de imunização em meio a um quadro de escassez de vacinas.

Na região do Pacífico, a situação é de alarme na Austrália. Nesta terça-feira, entraram em vigor as restrições mais rígidas nas regiões de Canberra, Perth e Nova Gales do Sul. No sábado, a Nova Zelândia anunciou a suspensão da ligação aérea com os aeroportos australianos.

1 de 1 — Foto: Eugene Hoshiko/AP

— Foto: Eugene Hoshiko/AP

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