Rio oferecerá vacina da Pfizer para gestantes que tomaram 1ª dose da AstraZeneca

Rio oferecerá vacina da Pfizer para gestantes que tomaram 1ª dose da AstraZeneca

A Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou nesta terça-feira (29) que gestantes e mulheres que acabaram de dar à luz (puérperas) que tomaram a primeira dose da vacina da AstraZeneca poderão receber a segunda dose da Pfizer, 12 semanas depois, para completar o seu esquema vacinal contra a covid-19.

É a primeira vez que uma capital brasileira adota a combinação de imunizantes, que não é prevista pelo Ministério da Saúde. A aplicação será feita “mediante avaliação dos riscos e benefícios com seus médicos [das mulheres] e assinatura do termo de esclarecimento”, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.

O anúncio foi feito nas redes sociais pelo secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, que afirmou que seguiu recomendação do comitê local de enfrentamento ao coronavírus e enumerou quatro países que autorizam e dez países que recomendam a mistura das doses.

Estão no primeiro grupo, de acordo com ele, Inglaterra, Espanha, Itália e Emirados Árabes. Já o segundo inclui Alemanha, França, Portugal, Canadá, Coreia do Sul, Chile, Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia.

Neste mês, o Canadá passou a recomendar que pessoas tomaram a primeira dose da vacina da AstraZeneca/Oxford contra a covid-19 recebam, preferencialmente, um imunizante desenvolvido a partir de tecnologia de mRNA (RNA mensageiro), como as vacinas da Pfizer/BioNTech e da Moderna.

Soranz também publicou uma tabela citando seis estudos clínicos com mais 2.000 participantes pelo mundo que demonstraram a segurança e a eficácia do cruzamento das duas vacinas entre diferentes grupos e idades – nenhum deles com grávidas e puérperas, porém.

Intercambialidade de vacinas

Segundo a epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Sabin Institute (EUA), a estratégia é “corretíssima”.

“Vários estudos mostram que a intercambialidade das vacinas é segura e eficaz. Inclusive é possível ter uma resposta imune até melhor com AstraZeneca e Pfizer. Vários países já estão adotando”, diz.

Para ela, o Rio adiantou uma decisão que deveria ter sido tomada pelo Ministério da Saúde, assim que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) suspendeu a aplicação da AstraZeneca para grávidas e puérperas, em maio, após a morte por trombose de uma gestante, ainda em investigação.

“O PNI [Programa Nacional de Imunizações] chegou a tomar a decisão de adotar a segunda dose da Pfizer para esse grupo, fez uma nota técnica, mas, quando chegou no ministro [Marcelo Queiroga], ele não se sentiu confortável em autorizar”, afirma ela, lembrando que uma dose não funciona para novas variantes do vírus.

Atualmente, a diretriz da pasta é que as mulheres que já tenham recebido a primeira dose da AstraZeneca aguardem o término do período da gestação e do puerpério e completem o esquema vacinal com esse mesmo imunizante, 45 dias após o parto.

1 de 1 — Foto: Francisco Seco/AP

— Foto: Francisco Seco/AP

Taxa de letalidade

A taxa de letalidade da covid-19 entre grávidas e puérperas no Brasil é a pior desde o início da pandemia e a imunização nesse grupo está bem abaixo do esperado, o que preocupa ginecologistas e obstetras. Apenas 6% delas haviam recebido ao menos uma dose até o último dia 21 no Brasil.

Até o dia 17, o país computava 1.412 mortes maternas, sendo 959 só neste ano. Segundo o Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19, com base em dados do Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade mais que dobrou do ano passado para este, de 7% para 17%.

Uma das hipóteses para a explicar a baixa adesão à imunização é que a morte por trombose da gestante no Rio de Janeiro e a disseminação de notícias falsas nas redes têm assustado as grávidas e as mães que tiveram bebês recentemente. Não há nenhuma restrição para elas em relação às vacinas Coronavac e Pfizer.

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