Movimentação de consumidores e vendedores na região da Rua 25 de março, em São Paulo, em imagem de julho. — Foto: CRIS FAGA/ESTADÃO CONTEÚDO
Movimentação de consumidores e vendedores na região da Rua 25 de março, em São Paulo, em imagem de julho. — Foto: CRIS FAGA/ESTADÃO CONTEÚDO
As vendas do comércio varejista cresceram 1,2% em julho, na comparação com junho. Com o resultado, o setor alcançou nível recorde. É o que apontam os dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Foi o quarto crescimento consecutivo desse indicador, fazendo com que o volume de vendas do comércio chegasse ao patamar recorde da série histórica da pesquisa, iniciada em 2000”, destacou o IBGE.
O resultado de junho, que apontava uma queda de 1,7% na comparação com maio, foi revisado para alta de 0,9%, fazendo com que o setor passasse a registrar quatro crescimentos seguidos. De acordo com o IBGE, a revisão foi realizada pelo algoritmo de dessazonalização aplicado sobre as pesquisas, ou seja, não houve entrada de novos dados das vendas realizadas no mês.
Com a revisão do resultado de junho, comércio registrou quarta alta seguida em julho — Foto: Economia/G1
Com a revisão do resultado de junho, comércio registrou quarta alta seguida em julho — Foto: Economia/G1
Frente a julho do ano passado, o setor registrou alta de 5,7%, a quinta taxa positiva consecutiva nesta base de comparação.
No ano, o avanço chegou a 6,6% e no acumulado nos últimos 12 meses a alta permaneceu em 5,9%.
Os resultados superaram as expectativas dos analistas. Em pesquisa da Reuters, as projeções apontavam alta de 0,7% na comparação mensal e de 3,45% sobre um ano antes.
Indicador se manteve estável na passagem de junho para julho — Foto: Economia/G1
Indicador se manteve estável na passagem de junho para julho — Foto: Economia/G1
Alta em 5 das 8 atividades
Cinco das oito atividades pesquisadas tiveram alta na passagem de junho para julho. O destaque positivo ficou com a de outros artigos de uso pessoal e doméstico, cujas vendas cresceram 19,1% no período.
“Vemos uma trajetória de recuperação dessa atividade, que acaba por fazer grandes promoções e aumentar a sua receita bruta de revenda, num novo momento de abertura e maior flexibilização do isolamento social, o que gera maior aumento da demanda”, explicou o gerente da pesquisa Cristiano Santos.
No lado oposto, o destaque negativo ficou com a atividade de livros, jornais e papelaria, que registrou o pior resultado, enquanto as vendas de hiper e supermercados ficaram praticamente estagnadas.
No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e material de construção, as vendas cresceram 1,1% na passagem de junho para julho e 7,1% na comparação interanual.
Veja o desempenho de cada um dos segmentos em junho:
- Combustíveis e lubrificantes: -0,3%
- Móveis e eletrodomésticos: -1,4%
- Livros, jornais, revistas e papelaria: -5,2%
- Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: 0,1%
- Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: 0,2%
- Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: 0,6%
- Tecidos, vestuário e calçados: 2,8%
- Outros artigos de uso pessoal e doméstico: 19,1%
- Veículos, motos, partes e peças: 0,2% (varejo ampliado)
- Material de construção: -2,3% (varejo ampliado)
Vendas crescem em 19 unidades da federação
De junho para julho, o comércio varejista cresceu em 19 das 27 unidades da federação, com destaque para Rondônia (17,5%), Santa Catarina (12,5%) e Paraná (11,1%). Já as maiores quedas foram em Minas Gerais (-2,1%), Rio Grande do Norte (-1,5%) e Amazonas (-1,4%).
Perspectivas
A recuperação da economia brasileira segue desigual em um cenário de aumento das incertezas e de piora das expectativas em razão da tensão política, de agravamento da crise hídrica e de inflação de quase dois dígitos no acumulado em 12 meses.
Na semana passada, o IBGE mostrou que a produção industrial brasileira caiu 1,3% em julho, voltando a ficar no patamar pré-pandemia.
Na última pesquisa Focus, que reúne as projeções dos analistas, a inflação esperada para este ano já chegava a 7,58%. Para o Produto Interno Bruto (PIB), a estimativa de alta foi reduzida para 5,15% em 2021 e para 1,93% em 2022.