Guerra na Ucrânia faz preço do potássio triplicar em um ano; tonelada é vendida a US$ 1,1 mil

Guerra na Ucrânia faz preço do potássio triplicar em um ano; tonelada é vendida a US$ 1,1 mil

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Fertilizantes têm nitrogênio, fósforo e potássio como matérias-primas — Foto: Globo Rural

Fertilizantes têm nitrogênio, fósforo e potássio como matérias-primas — Foto: Globo Rural

A tonelada do potássio triplicou em um ano. O produto era vendido a US$ 300 em fevereiro de 2021. Hoje, o valor chegou a US$ 1,1 por tonelada, de acordo com dados do Itaú BBA.

Desde o início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, a preocupação entre os agricultores em relação à compra de fertilizantes para o plantio da safra 22/23 cresceu, já que a Rússia é a principal origem do insumo usado nas lavouras brasileiras.

E essa preocupação aumentou mais ainda com a alta do preço do potássio, principal matéria-prima usada no fertilizante.

O relatório aponta que o cenário se tornou ainda mais crítico após a Belarus, terceira maior produtora de potássio, passar a ter dificuldade em colocar o produto no mercado internacional por causa dos embargos.

Além disso, a Rússia, que é a segunda maior produtora, apresenta adversidades nas questões de transações bancárias e logísticas.

No comparativo mensal, o fertilizante também apresentou aumento em todos portos, porém os compradores ainda estão aguardando definições.

No Brasil, o preço do potássio teve valorização acompanhando o mercado internacional. Em 11 de fevereiro deste ano, o preço era de US$ 815 por tonelada, sendo 35% menor do que o cotado em março.

Agronegócio brasileiro impactado

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Brasil depende de fertilizantes importados e a Rússia é a maior fornecedora do insumo. O país europeu também compra commodities e carnes brasileiras.

Na visão somente de produtos agropecuários, a Rússia ficou na 22ª posição dentre os maiores importadores, com US $1,27 bilhão adquiridos em 2021 (participação de 1,06%), segundo o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento.

A Ucrânia, por sua vez, é líder na produção de milho. Uma possível retirada do país do mercado internacional, diminuiria a oferta do cultivo, provocando uma alta no preço do grão, que é muito usado como ração, aumentando, assim, os custos de produção na pecuária e das carnes nas prateleiras.

Ambos os países se destacam na produção de trigo, produto que já apresentava alta em fevereiro deste ano de mais de 5% na bolsa de Chicago. A eventual menor oferta ocasionada pela guerra pode afetar a comercialização mundial do produto, incluindo o Brasil, que compra o cereal da Argentina, que pode ter um aumento da demanda.

Crise de fertilizantes

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Os fertilizantes químicos funcionam como um tipo de adubo, usados para preparar e estimular a terra para o plantio. Antes mesmo do conflito, o mundo já enfrentava uma crise no setor, com encarecimento dos preços e escassez no mercado.

Os principais motivos eram problemas energéticos em países fornecedores da matéria-prima para esses produtos, como China, Rússia e Índia, e problemas logísticos por causa da falta de contêineres e navios.

Agora, isso pode se estender ou até mesmo piorar. Isso porque, no mercado mundial, a Rússia domina 10% dos nitrogenados, 7% dos fosfatados e 20% dos potássicos, aponta Fábio Mizumoto, coordenador do MBA de agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Considerando o Brasil, das mais 41 milhões de toneladas do produto importadas em 2021, o país foi a origem de 23%, segundo levantamento do Comex Stat.

De acordo com dados do Itaú BBA, considerando as matérias-primas para os fertilizantes, do total comprado pelo Brasil, vieram da Rússia:

  • 20% dos nitrogenados;
  • 28% do potássicos;
  • 15% dos fosfatados.

A soja, por exemplo, principal commodity do Brasil, depende muito do fósforo e do potássio. Em possível impacto desses produtos, até as rações para a pecuária seriam afetadas, por sua vez, elevando o custo de produção das carnes e o valor para o consumidor, diz Mizumoto.

“Porque a gente não consegue uma fonte alternativa que facilmente substitua a Rússia como fornecedora. Existem outros potenciais supridores? Sim, mas essa substituição não é nem perfeita e nem barata“, explica o professor.

Já o milho depende dos nitrogenados, que não possuem tantos outros fornecedores, explica.

“Talvez um cidadão comum urbano tenha uma imagem de que é só plantar, que tudo dá no Brasil. Isso não é verdade. Os nossos solos são, em grande parte, pobres em nutrição e a gente precisa corrigir a capacidade nutricional para ter produtividade”, diz Mizumoto.

O professor afirma que a logística da Rússia já está sendo afetada, causando dificuldades para prever a importação destes insumos e o envio de commodities, por causa das possíveis problemáticas da produção.

Além disso, após o produto chegar ao Brasil, ele também precisa de tempo para o caminho até o agricultor, o que também pode atrasar os cultivos.

Produtos mais exportados do Brasil para a Rússia*

Soja, mesmo triturada, exceto para semeadura 343.286.654,00
Pedaços e miudezas, comestíveis de galos/galinhas, congelados 167.164.904,00
Café não torrado, não descafeinado, em grão 132.723.847,00
Amendoins descascados, mesmo triturados 129.731.662,00
Outros açúcares de cana 124.262.859,00
*Dados de 2021, em dólares

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