Randon vislumbra no mercado externo oportunidades de expansão em 2023

Randon vislumbra no mercado externo oportunidades de expansão em 2023

As Empresas Randon alcançaram, em 2022, a maior receita líquida consolidada em 74 anos de história. Foram apurados R$ 11,2 bilhões, em alta de 23% na comparação com o acumulado de 2021, e superior às projeções divulgadas pela companhia para o ano. No acumulado de 2022, o EBITDA consolidado foi de R$ 1,5 bilhão, com margem EBITDA de 13,5%. Já o lucro líquido consolidado retraiu 32,4%, para R$ 471,7 milhões, e margem de 4,2% ante 7,7% de 2021. 

Para o presidente das Empresas Randon, Daniel Randon, 2023 promete ser mais uma vez desafiador, em especial no mercado interno. Com relação às exportações, o executivo projeta oportunidades interessantes. Já em 2022 a companhia faturou US$ 436 milhões em receitas externas. Ele também assegura que o grupo seguirá forte na estratégia de diversificação de portfólio de produtos e serviços e na busca permanente do crescimento sustentável

Jornal do Comércio – O exercício de 2022 é marcado por cifras históricas nestes 74 anos das Empresas Randon. Quais as maiores dificuldades enfrentadas e também as oportunidades que surgiram no período para o grupo?

Daniel Randon – É necessário lembrar que no início do ano ainda se teve mais uma onda da covid-19, o que gerou afastamento de pessoas. Ao longo do exercício, convivemos com inflação alta, preocupações com o mercado logístico, o que nos fez elevar o capital de giro para evitar falta de materiais, e com o processo eleitoral. Mesmo assim, seguimos com o nosso propósito, que é o de conectar pessoas e riquezas, gerando prosperidade, sempre na busca do caminho de crescimento de forma sustentável. Também reforçamos as ações da nossa Ambição ESG, com metas claras até 2025 e 2030. Isto faz com que a empresa continue investindo pesado em inovação, em produtos que impactem positivamente o meio ambiente e na parte social. Atingimos volumes históricos de receita líquida, mantendo crescimento médio anual de 20%. Para as Empresas Randon foi um ano importante, mais desafiador em alguns segmentos, com margens mais pequenas, porém conseguimos crescer, mantendo aquisições, como a da norte-americana Hercules, fabricante de implementos rodoviários, e de mais uma fundição para elevar a capacidade de produção de fundidos.

JC – Chama a atenção as parcerias para diversificação do portfólio da empresa, bem como a inovação…

Randon – Uma delas foi firmada com a Gerdau para investir no segmento de locação de semirreboques e caminhões, podendo avançar futuramente para outros produtos. Outra parceria foi firmada pela controlada Nione, que tem foco na aplicação do nióbio, com a WEG, de Jaguará, que resultou no lançamento de uma tinta com quatro vezes mais proteção à corrosão. Ainda desenvolvemos, por meio da Fras-le, produtos em compósitos, trazendo a oportunidade de reduzir peso em semirreboques e caminhões, pois é um componente até 50% menos pesado que outros. Também homologamos o eixo auxiliar elétrico Hybrid e, neste ano, já vamos entregar as primeiras unidades. É um produto diferenciado, porque reduz em até 20% o consumo de combustível, dependendo da rota, e impactando diretamente as emissões de poluentes. Muitos clientes estão vendo no produto a oportunidade de alcançarem suas metas de ESG e dando mais segurança ao produto. São inovações tecnológicas importantes, que colocam a empresa com protagonismo no Brasil e no exterior. No IAA 2022, em Hannover, na Alemanha, ficou claro que o nosso eixo elétrico é mais sustentável por ser menos pesado do que os semelhantes de marcas estrangeiras.

JC – A Randon ainda tem sido protagonista em ações digitais…

Randon – Na transformação digital seguimos assumindo novas parcerias com startups, em que somos minoritários, mas com a missão de, na ponta, auxiliar ainda mais o cliente, com vários serviços e produtos. É uma maneira de a Randon obter mais informações para oferecer um produto melhor e estar mais próxima das demandas e necessidades dos clientes. Neste processo, assumimos, recentemente, 51% da DBService, uma empresa de software com o objetivo de oferecer serviços para fora da Randon e internamente acelerar projetos de automação e de gestão. Seguimos com os projetos de reforçar a produtividade, a competitividade e as inovações disruptivas. Como é o investimento de quase R$ 100 milhões na energia fotovoltaica. Começamos pelo Centro de Treinamento Randon e pela fábrica da China, também como oportunidade de negócio. Na Fenatran 2022 lançamos o furgão frigorífico com painéis solares, com reflexos no eixo auxiliar elétrico e no sistema de refrigeração do produto. Teremos novidades futuras nesta área, porque agregam valor à toda cadeia. Hoje temos mais de 17 mil colaboradores, auxiliando a liderança na mudança de mindset, buscando ações mais colaborativas. Com isso, mantemos o ideal do fundador Raul Randon (falecido em 3 de março de 2018) de que as empresas só existem por causa das pessoas. Seguimos nossos princípios, mas reforçando cada vez mais a importância do crescimento com sustentabilidade, da governança e da diversidade.

JC – É possível manter este ritmo de crescimento em 2023?

Randon – O ano já mostra que o mundo terá um PIB menor que o de 2022, considerando as instabilidades, como a guerra entre Ucrânia e Rússia, as questões políticas entre Estados Unidos e China, e no Brasil, um novo governo e os juros altos. Mas trabalhamos com o cenário de que o agronegócio, um dos grandes geradores de receita para as Empresas Randon, seguirá crescendo, com nova safra recorde. A lamentar que o Rio Grande do Sul deve ter problemas em função da estiagem. Mas olhando o Brasil temos muitos novos investimentos que irão repercutir de forma positiva no agronegócio e isto contribui para as possibilidades de crescimento. Temos, na área de caminhões, o Euro 6, que gerou compras antecipadas em 2022, e que pode reduzir o mercado deste ano. Por isso, é possível ter um mercado menor de semirreboques e caminhões. Mesmo assim, seguiremos incrementando o portfólio de negócios. Acredito que a área de reposição continuará forte, permitindo criar as condições para superar os desafios que teremos. É papel dos empresários trabalhar junto ao governo para que a política macroeconômica siga buscando o crescimento do país. O ano será desafiador, mas o setor privado precisa trabalhar vislumbrando oportunidades, principalmente no mercado externo. A situação entre China e Estados Unidos pode trazer oportunidades para o Brasil exportar mais. Para isto é preciso melhorar a competitividade e esperar que a reforma tributária se concretize, simplifique o sistema e reduza a cumulatividade de impostos, hoje um desafio para o exportador. Se seguir nesta linha, acredito em horizontes positivos para o Brasil no cenário internacional.

JC – A estratégia de diversificar, principalmente no setor de serviços, segue neste ano, até como forma de reduzir a dependência do mercado de implementos e autopeças?

Randon – A Randon começou como reformadora de freios e fabricante de semirreboques. Atualmente, esta área também inclui vagões e reposição de componentes, que representa em torno de 37% da receita. A atividade de autopeças está crescendo muito. Na área de serviços começamos com o consórcio para apoiar as vendas de implementos. Depois veio o Banco Randon. Agora, olhamos como oportunidades de negócios, mas seguindo com o foco em mobilidade. Estamos investindo em empresas que nos ajudam na produção interna, mas principalmente naquelas que nos aproximam mais dos clientes, criando mais ferramentas de venda dos produtos. A participação de serviços na receita ainda é pequena, de 3% a 4%, mas a ideia é crescer mais, principalmente com produtos que agreguem valor à cadeia de negócios, do fornecedor ao consumidor final.

JC – Ainda que recente, já é possível ter uma ideia do comportamento do mercado de locação de implementos?

Randon – Está no início, mas comparando o Brasil com os Estados Unidos temos potencial de mercado de leasing e rental muito grande. Já fornecemos alguns produtos e tem sido importante para o negócio. É uma ferramenta a mais. Antes de termos esta nova unidade, muitas vezes o distribuidor tinha demanda para um serviço de aluguel, mas perdia o negócio. Agora, temos esta oportunidade junto com um parceiro forte, que é a Gerdau.

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