Crédito restrito e juros altos azedam negócios

Crédito restrito e juros altos azedam negócios

O uso de recursos próprios deve ser a tônica das operações de venda de máquinas e implementos agrícolas encaminhadas na 23ª Expodireto Cotrijal. Na feira, que segue até esta sexta-feira (10) em Não-Me-Toque, a dificuldade no acesso a linhas de crédito com taxas acessíveis será um desafio à meta projetada pelos organizadores, de superar os R$ 5 bilhões em negócios. Nesta quarta-feira, durante um café da manhã com a imprensa, o presidente da Cotrijal, Nei César Manica, disse que, com base nas informações colhidas nos primeiros dias do evento, algumas vendas têm sido feitas com uso de financiamento bancário, mas as taxas elevadas têm freado o impulso dos clientes.

“Nenhum agente financeiro trouxe linhas de crédito diferenciadas, ou com juros subsidiados neste ano. Algumas empresas estão com preços promocionais, mas desta vez há mais dificuldade para fechar negócios”, disse o dirigente.

O cenário descrito coincide com a percepção do agrônomo Diones Carmo Júnior, 32 anos, de Passo Fundo. Ele e o pai visitaram o parque da Expodireto e percorreram os estandes dos agentes financeiros para avaliar a possibilidade de investir em um novo pulverizador para atuar sobre os 1,3 mil hectares da família, divididos entre Marau e Cruz Alta. “A melhor condição que encontramos foi com juros de 12% ao ano, para um equipamento cujo preço é de mais de R$ 1 milhão. Como estamos sob os efeitos de mais uma estiagem, e estamos verificando uma quebra de 25% na soja e de quase 50% já consolidados no milho, o jeito vai ser adiar a compra”, conta Carmo.

O custo total por hectare na terras da família oscila entre 30 e 35 sacas de 60 quilos de soja. Nesta safra, eles projetam colher, no máximo, 45 sacas por hectare. Uma margem muito apertada para o momento. No milho, com custo de 100 sacas por hectare, a previsão é de obter 110 sacas. “Praticamente estamos pagando para produzir. No ano passado, adquirimos duas plantadeiras de inverno, num investimento de R$ 1,5 milhão. Neste ano seria o momento de substituir o pulverizador, que já tem mais de cinco anos de uso. Mas vai ficar para a próxima oportunidade.”

Carmo e o pai aproveitaram a feira para ver de perto o equipamento que desejavam e renovar os laços de relacionamento com a Stara, da qual já são clientes antigos. Entre uma conversa e outra, abrem-se caminhos para encontrar o melhor momento para renovar a frota.

Na área de 3 mil metros quadrados do estande da empresa no parque, dezenas de produtos estão à mostra. E, apesar dos obstáculos impostos pelo contexto econômico, a gerente de Marketing, Cíntia Dal Vesco, acredita em um resultado até 30% superior ao percebido na Expodireto em 2022. “O momento climático não é o ideal, mas esta estiagem não está tão intensa quanto a do ano passado. E há regiões em que o impacto é menor. Além do mais, o gaúcho é corajoso”, brinca Cíntia.

Ela reconhece que as condições de acesso a recursos para o cliente não são atrativas, “embora alguns agentes financeiros tentem algo um pouco melhor”. Mas o patamar alto dos juros atrasa a decisão do cliente por efetivar os negócios. “O que fazemos é procurar embarcar sempre mais e melhores tecnologias nos nossos produtos. Todos os anos. Buscamos aportar o mesmo nível tecnológico em máquinas de pequeno e grande porte”, conclui Cíntia.

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