Credit Suisse: os escândalos que envolveram o banco nos últimos anos

Credit Suisse: os escândalos que envolveram o banco nos últimos anos

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Fachada do banco suíço Credit Suisse em frente a uma filial em Berna, Suíça, em 29 de novembro de 2022. — Foto: REUTERS/Arnd Wiegmann/File Photo

Fachada do banco suíço Credit Suisse em frente a uma filial em Berna, Suíça, em 29 de novembro de 2022. — Foto: REUTERS/Arnd Wiegmann/File Photo

O mercado de ações global tem enfrentado dias turbulentos, com novo temor de crise no sistema bancário. Após a tensão causada pela quebra do banco norte-americano Silicon Valley Bank (SVB), os ânimos voltaram a azedar com notícias negativas envolvendo o Credit Suisse.

As ações do banco suíço despencaram mais de 20% só nesta quarta-feira (15). O tombo tem relação com uma crise de confiança de investidores e resultados ruins apresentados pela instituição no trimestre passado, além do comunicado de seu principal acionista, o Saudi National Bank, da Arábia Saudita, de que não irá apoiar o banco com um aumento de sua participação no capital.

O Credit Suisse, considerado “elo fraco” do setor bancário suíço, já vinha passando por uma reestruturação profunda após envolvimento em uma série de escândalos (confira abaixo casos revelados nos últimos anos).

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Quebra da Greensill

O banco viu seu braço de gestão de ativos balançar com a falência da companhia financeira britânica Greensill em 2021, na qual havia comprometido cerca de US$ 10 bilhões por meio de quatro fundos.

Quando uma seguradora se negou a renovar os contratos da Greensill – uma firma britânica que utilizava acordos financeiros complexos para emprestar dinheiro a empresas para que pagassem suas despesas –, o Credit Suisse, que já não podia calcular o valor dos fundos, começou a liquidá-los.

Consequentemente, a Greensill quebrou e abalou as empresas que dependiam dela para ter liquidez, uma falência que também afetou seus credores, entre eles o gigante japonês SoftBank.

Fundo Archegos

Quatro semanas mais tarde, o fundo americano Archegos já não podia injetar dinheiro para cobrir seus investimentos em derivados, o que desencadeou uma venda maciça em Wall Street.

Vários bancos grandes foram afetados, sendo o Credit Suisse o mais prejudicado, em cerca de US$ 5 bilhões.

Crédito para Moçambique

Em outubro de 2021, o banco se percebeu imerso em um caso de corrupção em Moçambique, relacionado com empréstimos a empresas estatais.

As autoridades de Estados Unidos e Reino Unido impuseram sanções ao banco no valor de US$ 475 milhões.

Os empréstimos, concedidos entre 2013 e 2016, serviriam para financiar projetos de vigilância marítima, pesca e estaleiros, mas foram parcialmente desviados para pagamento de propina.

Violação das normas de quarentena

Em dezembro de 2021, o tabloide suíço Blick revelou que o então presidente do banco, Antonio Horta-Osorio, tinha infringido as normas de quarentena relacionadas com a pandemia de Covid-19.

Além disso, a imprensa fez outras revelações, como o descumprimento das restrições sanitárias para assistir a uma partida de tênis em Wimbledon. O banqueiro acabou renunciando menos de nove meses depois de assumir o cargo.

‘Suisse secrets’

Em fevereiro de 2022, o Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP), um consórcio de 47 meios de comunicação, entre eles o jornal francês Le Monde e o americano New York Times, publicou uma investigação intitulada “Suisse secrets” (“Segredos suíços”, em inglês).

A investigação, baseada em dados de contas dos anos 1940 até o fim da década de 2000, revela que o banco recebeu recursos de clientes envolvidos em casos criminais e de corrupção.

Julgamento em Bermudas

Em março de 2022, um tribunal de Bermudas confirmou que o ex-primeiro-ministro georgiano Bidzina Ivanishvili tinha registrado perdas em seus investimentos geridos por Patrice Lescaudron, um ex-banqueiro francês do Credit Suisse, demitido em 2015, condenado por fraude em Genebra em 2018 e que se suicidou dois anos depois.

Lavagem de dinheiro de cocaína na Bulgária

Em junho de 2022, o banco foi condenado na Suíça em um caso de lavagem de dinheiro vinculado a uma rede búlgara de tráfico de cocaína, e multado em US$ 2 milhões.

Dois acordos por litígios antigos

Em outubro de 2022, o banco resolveu um litígio nos Estados Unidos que remontava à crise financeira de 2008, relativo a títulos lastreados em hipotecas, chegando a um acordo em troca de um pagamento de US$ 495 milhões.

Já na França, concordou em pagar 238 milhões de euros para evitar ser processado por prospecção ilegal de clientes e fraude fiscal agravada entre 2005 e 2012.

Greensill, parte 2

No final de fevereiro de 2023, dois anos depois do escândalo da quebra da Greensill, a Autoridade Suíça dos Mercados Financeiros (Finma) acusou o Credit Suisse de ter “descumprido gravemente suas obrigações prudenciais” em matéria de gestão de riscos.

Adiamento do relatório anual

Na semana passada, o banco adiou a publicação de seu relatório anual após pedido da SEC, a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos, que levantou dúvidas sobre suas contas para os exercícios 2019 e 2020.

Na última terça-feira (14), o Credit Suisse reconheceu “fragilidades materiais” em seus controles internos ao publicar o relatório anual, o que ajudou a derrubar as ações do banco.

Na quarta-feira (15), o derretimento dos papéis se acelerou depois que a principal acionista declarou que não vai apoiar a entidade aumentando sua participação.

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