Secretário da Fazenda diz que juros altos impactam crédito no Brasil, mas evita avaliar Banco Central

Secretário da Fazenda diz que juros altos impactam crédito no Brasil, mas evita avaliar Banco Central

Declarações de Guilherme Mello, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, foram dadas a quatro dias da reunião do Copom do Banco Central, que define o nível da taxa básica de juros no Brasil. Segundo levantamento, juro real brasileiro é o maior do mundo. O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, citou nesta sexta-feira (17) que o Brasil apresenta a maior taxa de juros real do mundo e avaliou que isso impacta o mercado de crédito bancário – que tem mostrado desaceleração.
O secretário evitou, porém, criticar diretamente a política de juros do Banco Central.
Descontada a inflação esperada para os próximos 12 meses, de 5,75%, os juros reais ficaram em 7,38% em fevereiro – suficientes para manter o país no topo da lista, acima de México, Chile, Colômbia e Hong Kong.
As declarações do secretário do Ministério da Fazenda foram dadas a quatro dias da reunião do Copom do Banco Central, que define o nível da taxa básica de juros no Brasil. Autônoma, a instituição é comandada por Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele tem mandato fixo até o fim de 2024.
Mello afirmou, também, que o Brasil apresenta inflação mais baixa que outros países do mundo, menor desvio em relação à meta central de inflação do que outras nações e indicadores das contas públicas, como endividamento, “não tão diferentes” do resto do mundo.
“E estamos descolados na taxa de juros real. São dados”, declarou ele, em entrevista coletiva a jornalistas.
Em seguida, ele afirmou que não quer dizer se o BC estão certou ou errado.
“Toda nossa análise não foi sobre o mérito da política monetária [definição dos juros pelo BC para conter a inflação]. Em nenhum momento falamos que está certa ou errada, não nos cabe julgar como SPE [Secretaria de Política Econômica]’, declarou Guilherme Mello, do Ministério da Fazenda.
Essa é uma nova referência da equipe econômica à condução da política de juros, que já foi alvo de ataques do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Atualmente, os juros brasileiros estão em 13,75% ao ano, o maior nível em mais de seis anos.
Apesar do juro elevado, a meta de inflação brasileira foi descumprida em 2022 pelo segundo ano consecutivo.
O mercado financeiro, e o Ministério da Fazenda, estimam, até o momento, que o teto da meta será novamente superado em 2023.
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Entenda a definição dos juros
Para definir o nível dos juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central pode reduzir o juro básico da economia.
Neste momento, o BC já está ajustando a taxa Selic para tentar atingir a meta de inflação do próximo ano, uma vez que as decisões sobre juros demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia.
Para 2023, a meta de inflação foi fixada 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.
A meta de inflação do ano que vem é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
O Copom tem informado em documentos oficiais que se manterá “vigilante”, indicando que deve manter os juros elevados por um “período suficientemente prolongado” de tempo para conter a inflação. E não afastou a possibilidade de voltar a subir a taxa Selic.
Consequências de juros altos
De acordo com especialistas, juros elevados têm vários reflexos na economia, entre os quais:
Aumento das taxas bancárias: a tendência é que novos aumentos também sejam repassados aos clientes. Em 2022, os juros bancários subiram 8,2 pontos percentuais, mais do que o aumento registrado na Selic.
Redução do consumo da população e afeta os investimentos produtivos, impactando negativamente o Produto Interno Bruto (PIB), o emprego e a renda. Em 2022, o PIB cresceu 2,9%, abaixo da expansão de 5% registrada no ano anterior.
Despesa adicional com juros da dívida pública: em 2022, a despesa com juros somou R$ 586 bilhões. Na porcentagem do PIB (5,96%), é o maior patamar desde 2017. Juros altos pressionam a dívida pública que, se muito elevada, pode interferir nos investimentos.
Aplicações em renda fixa, como no Tesouro Direto e em debêntures, passam a render mais: em 2022, as vendas de títulos públicos por meio do Tesouro Direto bateu novo recorde.

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