Dólar passa de R$ 5,80 e força ação do BC

Dólar passa de R$ 5,80 e força ação do BC

A decisão de países europeus de impor um novo lockdown parcial em seus territórios recolocou de vez no mapa a chance de o mundo passar por um novo momento de contração econômica. No Brasil, esse cenário mais adverso se soma a um certo sentimento de exasperação em relação à falta de definição sobre o Orçamento do próximo ano e à ausência de avanço na pauta reformista. Com isso, o dólar apagou as perdas que sustentava nas primeiras semanas de outubro e voltou a fechar um mês em alta.

No encerramento desta sexta-feira, a moeda americana foi negociada a R$ 5,7379, baixa de 0,49%. O recuo no pregão ocorreu apenas após nova intervenção do Banco Central no câmbio, injetando US$ 787 milhões após o dólar tocar R$ 5,8080 durante a manhã. Com isso, o dólar acumulou 1,90% de alta apenas nesta semana, levando o mês de outubro a fechar com ganho de 2,13%.

“O leilão do BC foi o que garantiu o dólar em baixa hoje”, diz José Faria Junior, diretor da WIA Investimentos. Além da cautela no exterior, onde investidores também se preparam para as eleições americanas, que ocorrem na terça-feira, o profissional cita também o mal-estar com a dinâmica da política local. “A gente tem um quadro de urgência e nada acontece. Isso tem um custo óbvio que a gente vê, por exemplo, nas taxas maiores que o Tesouro é obrigado a aceitar nos leilões”, nota.

Somada à interdição do debate sobre o Renda Cidadã até o fim da eleição municipal, os últimos dias também viram novos atritos entre figuras-chave em Brasília, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ontem, Guedes voltou a criticar de forma velada seu companheiro de Esplanada, Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) ao dizer que a Febraban estaria financiando estudos de “ministro fura-teto”.

A performance negativa do real em relação aos pares nos últimos dias é esperada, dado o alto déficit público e a falta de avanço nas reformas, avalia o Commerzbank. O banco alemão ressalta que o comunicado mais ‘dove’ (inclinado a estímulos) do Copom também não ajuda nesse sentido.

“O Banco Central considera a alta recente da inflação temporária e mantém que as expectativas estão ancoradas. O mercado irá acompanhar de perto se a autoridade monetária se mostrará correta nos próximos meses. O ceticismo parece alto”, dizem analistas do banco em nota. “Nesse cenário, o real provavelmente continuará a ter desempenho abaixo de pares nas próximas semanas.”

1 de 1 — Foto: Daniel Acker/Bloomberg

— Foto: Daniel Acker/Bloomberg

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