Ibovespa perde 7% na semana e sofre maior queda desde março

Ibovespa perde 7% na semana e sofre maior queda desde março

Às vésperas das eleições gerais nos Estados Unidos, em um momento delicado de avanço de casos de covid-19 na Europa e novas medidas de distanciamento social na região, o Ibovespa sofreu mais uma dura queda e voltou para os 93 mil pontos – patamar que não era visto desde o fim de setembro. Com baixa quase generalizada das ações, o índice perdeu mais de 7% na semana e registrou o maior tombo acumulado desde o pior momento da crise, em meados de março.

Após ajustes, o Ibovespa fechou em queda de 2,72%, aos 93.952 pontos, depois de tocar 93.559 pontos na mínima do dia. É a pontuação mais baixa desde 29 de setembro, quando fechou em 93.580 pontos. Com isso, o índice acumulou queda de 7,22% na semana e reverteu os ganhos obtidos em outubro. Foi a maior baixa semanal desde a perda 18,88% em meados de março.

Até pouco tempo atrás, outubro estava sendo visto como um período de recuperação da bolsa. O índice chegou a tocar 102 mil pontos, com uma relativa tranquilidade no cenário político e expectativas positivas sobre a temporada de balanços. Mas tudo isso foi colocado a perder com a aversão ao risco lá fora, que atinge o mercado local com mais força por causa de vulnerabilidades locais como incertezas sobre a situação fiscal. Assim, o saldo no mês ficou negativo em 0,69%, enquanto o índice acumula queda de 18,76% no ano.

Desta vez, a onda de vendas contou, ainda, com forte desvalorização no setor de tecnologia nos EUA, o que atingiu em cheio ações de varejistas de comércio eletrônico por aqui. Por mais que os balanços das gigantes da área não tenham sido fracos ou mesmo decepcionado lá fora, os números não foram suficientes para sustentar a empolgação com o setor nas bolsas americanas. Com isso, os papéis caíram forte hoje e lideraram as perdas. O Nasdaq, por exemplo, recuou 2,45%.

Por aqui, as ações de varejistas de comércio eletrônico foram as mais afetadas pelos ventos contrários do exterior, em um dia de baixa quase generalizada nas ações. Apenas três papéis foram poupados e fecharam em alta marginal: Telefônica Vivo PN, IRB Brasil ON e Rumo ON. Na ponta negativa, Via Varejo ON cedeu 5,97%, Lojas Americanas PN recuou 5,91% e Magazine Luiza perdeu 2,88%. O destaque negativo, porém, ficou com B2W, dado que a empresa, na avaliação de analistas, tem um desempenho aquém dos pares. Sua ação caiu hoje 8,97%.

De forma geral, houve pressão ainda por causa da proximidade das eleições nos EUA, cuja votação oficial ocorre na terça-feira, dia 3. Tudo isso leva à aversão ao risco entre os investidores.

Entre as bluechips, Vale ON perdeu 2,37%, enquanto Petrobras ON caiu 1,71% e Petrobras PN recuou 1,81%. Entre os bancos, Itaú Unibanco PN cedeu 1,76%, Bradesco ON caiu 3,04% e Bradesco PN perdeu 3,03%. Já Ambev recuou 5,51%.

Alguns profissionais afirmam que a queda quase generalizada na bolsa nos últimos dias tem criado oportunidades de compras. No entanto, dadas as incertezas no radar, qualquer movimento teria de ser feito com parcimônia e cautela. E essa queda de braço entre preços baixos e riscos globais acaba se traduzindo em volatilidade no mercado.

Para Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos, os próximos dias serão bastante difíceis para os mercados dada a aversão ao risco dos investidores neste momento de incertezas. “Há um receio grande de tomar posições mais expressivas dadas as preocupações com covid-19 na Europa, as medidas de lockdown em economias importantes e as eleições nos Estados Unidos”, diz. “Ainda existe dúvidas sobre como vão sair as eleições. Uma diferença pequena de Biden sobre Trump, por exemplo, pode ser contestada na Justiça. Pode demorar para saber quem será o presidente. E o pacote fiscal depende disso, o que é outro ponto de atenção”, explica.

Em termos gráficos, Rafael Ribeiro, analista de ações da Clear Corretora afirma que uma piora da percepção quanto ao rumo da economia em vista da escalada do covid poderia resultar na perda dos 93 mil pontos pelo Ibovespa. “Isso abriria caminho para a faixa de 80 mil pontos, justamente o topo rompido em maio que abriu caminho para o teste dos 105 mil pontos em julho”, fiz. Por outro lado, se os dados econômicos ajudarem e os resultados das empresas seguirem fortes a faixa de 90 mil pontos deverá ser conservada, “mas para romper 102/105 mil pontos somente com o avanço da agenda de reformas e isso não deveremos ver tão cedo no momento”.

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