(Bloomberg) — A abordagem para a mudança climática do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, foi contestada por autoridades europeias, que questionam sua insistência de que esse não é um fator primordial na formulação da política monetária.
“Qualquer coisa que possa afetar as perspectivas da economia pode, em princípio, afetar a política monetária. Portanto, a mudança climática certamente se qualificaria para isso”, disse Powell na sexta-feira durante conferência virtual sobre o papel das finanças no combate à mudança climática. “Eu diria, porém, que hoje a mudança climática não é algo que consideramos diretamente na definição da política monetária.”
Enquanto o Fed analisa o impacto da mudança climática sob a ótica de seu dever de garantir a estabilidade financeira, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, tem uma visão mais ampla.
“Estaríamos falhando em nosso mandato se não levássemos em consideração a mudança climática quando se trata de compreender e medir a inflação”, disse Lagarde. “Estaríamos falhando em nosso mandato se não medirmos o impacto que a mudança climática tem nos ativos que possuímos, nos ativos que compramos e nas garantias que temos em estoque.”
As autoridades do BCE estão prestes a concluir uma ampla revisão estratégica, na qual Lagarde fez da mudança climática um tema central e incentivou colegas a se envolverem mais na questão.
Membros do conselho do BCE já sinalizaram que estão de acordo que os riscos climáticos precisam ser mais transparentes e mais bem integrados nos modelos econômicos, mas ainda há certo debate sobre até onde a política monetária pode chegar no apoio à transição para uma economia mais verde.
O entusiasmo de Lagarde foi compartilhado pelo presidente do banco central francês, François Villeroy de Galhau, que participou do painel e disse que o BCE pode ser o primeiro a tomar medidas decisivas contra a mudança climática por meio de sua política monetária.
“Podemos ser pioneiros nesse campo”, disse Villeroy. “Está em total conformidade com o nosso mandato. Não é apenas legitimidade para agir, é um dever de agir.”
Nos últimos anos, bancos centrais e outros reguladores financeiros estão sob crescente pressão para aplicar seus poderes regulatórios e ajudar a limitar as emissões de gases de efeito estufa.
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Em maio, o governo Biden solicitou que reguladores divulguem seus planos para avaliar a ameaça que a mudança climática representa para a estabilidade financeira.
Para a China, a promessa do presidente Xi Jinping de tornar o país neutro em carbono até 2060 significa que a nação mais poluente do mundo precisará de uma transição drástica dos combustíveis fósseis para energia limpa. Facilitar essa transição é uma tarefa fundamental para o Banco Popular da China, de acordo com o presidente da instituição, Yi Gang.
“Para o banco central, nossa tarefa é administrar a transição de maneira suave”, disse Yi, que também discursou na conferência.
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