Índice de ADRs brasileiros ganha forças e passa a subir seguindo Wall Street; petróleo segue em baixa

Índice de ADRs brasileiros ganha forças e passa a subir seguindo Wall Street; petróleo segue em baixa

(Shutterstock)

SÃO PAULO – O principal índice de ADRs (na prática, as ações de empresas de fora dos EUA negociadas em Nova York) do Brasil, o Dow Jones Brazil Titans 20 ADR, abriu em queda na sessão desta quarta-feira (21), mas ganhou forças acompanhando Wall Street e registra ganhos durante a tarde, em dia de B3 fechada por conta do feriado de Tiradentes. Às 15h17 (horário de Brasília), o índice subia 0,41%, a 18.644 pontos. Enquanto isso, o ETF EWZ iShares MSCI Brazil Capped, que replica o Ibovespa em dólar, registrava alta de 0,44%, a 35,19 pontos.

As bolsas americanas registram ganhos após uma abertura em leve queda: o Dow Jones tinha alta de 0,78% nesta tarde, o S&P500 subia 0,70%, enquanto o Nasdaq tinha alta de 0,77%. A recuperação é liderada por ações de setores cíclicos após dois dias de perdas, com a expectativa por recuperação da economia por conta dos estímulos fiscais e para infraestrutura do governo dos EUA.

Mesmo com a recuperação dos ativos durante a sessão, as ações da Netflix caem cerca de 7% após a gigante de streaming divulgar um número de novos assinantes que fica bem abaixo das estimativas de analistas de Wall Street, após a demanda adicional de clientes por conta da pandemia arrefecer.

Além disso, a empresa afirmou que espera adicionar apenas cerca de 1 milhão de novos assinantes no trimestre atual, bem abaixo das estimativas.

Ainda no radar, a Organização Mundial de Saúde havia alertado na sexta-feira que a taxa global de infecções por Covid está se aproximando de seu patamar mais alto. O Departamento de Estado dos Estados Unidos afirmou que pretende implementar alertas de “não viaje” para 80% dos países do mundo, adicionando a informação de que a pandemia representa “um risco sem precedentes aos viajantes”. O anúncio prejudicou o desempenho dos papéis de empresas de aviação.

Assim, o ambiente de cautela permanece. As bolsas asiáticas fecharam em sua maioria em queda, prejudicadas por dados indicando a aceleração da propagação da Covid na Índia. Na terça, o país registrou 259.170 novas infecções por Covid, o que faz com que fique atrás apenas dos Estados Unidos em casos totais até o momento. As bolsas do país não abriram, no entanto, na quarta, também devido a um feriado.

Em meio às preocupações com a demanda da Índia, terceira maior importadora global de petróleo, o contrato futuro do WTI com vencimento em junho tinha queda de 2,6%, a US$ 61,02 o barril, enquanto o brent para o mesmo mês caía 2,22%, a US$ 65,09, seguindo o movimento da véspera.

Os ADRs das ações da Petrobras (PETR3;PETR4) chegaram a cair quase 2% acompanhando o desempenho da commodity, mas depois amenizaram seguindo a melhora de humor em Wall Street, passando a cair 0,5%. No radar da estatal, a companhia informou que os termos da transação feita com a União em relação às compensações que serão pagas à estatal referentes aos contratos de partilha do pré-sal nos campos de Atapu e Sépia. Essa compensação refere-se aos investimentos feitos pela estatal para a exploração nos dois campos.

Pelo acordo feito entre a Petrobras e a Pré-Sal Petróleo (PPSA, empresa vinculada ao Ministério de Minas e Energia), firmado em 9 de abril, a compensação antes de impostos é de US$ 3,253 bilhões para o Campo de Atapu e US$ 3,200 bilhões para o Campo de Sépia. Esse valor poderá ser complementado a cada ano, entre 2022 e 2032, caso o preço do petróleo tipo Brent atinja média anual superior a US$ 40 por barril até o limite de US$ 70 por barril.

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As ações de bolsas asiáticas tiveram desempenhos variados entre si na quarta-feira. No Japão, o índice Nikkei 225 caiu 2,03%, no segundo dia consecutivo com quedas acima de 2%. O Kospi, da Coreia do Sul, caiu 1,52%, e o índice Hang Seng, de Hong Kong, caiu 1,68%.

Na China, o Shanghai composto fechou o dia estável, enquanto que o componente Shenzhen subiu 0,34%. Ações de saúde e bancos entre os destaques positivos após resultados corporativos trimestrais otimistas. As ações do Ping An Bank  subiram 6,09%, para 23,01 iuanes, apresentando seu melhor desempenho diário desde 3 de março. O banco registrou alta de 18,5% no lucro líquido no trimestre janeiro-março. O desempenho do setor também desconsiderou os comentários de um regulador bancário sênior, que pediu aos bancos que se preparassem para empréstimos inadimplentes e avaliassem totalmente esses riscos.

Na Europa, os papéis da fabricante dinamarquesa de chips ASML subiram 4,2%, liderando o índice Eurostoxx. Na lanterna ficam os papéis da empresa dinamarquesa de armazenagem de petróleo Vopak, que recuou 5,2% após divulgar dados abaixo das expectativas.

As ações da fabricante de cerveja Heineken avançam cerca de 4% após a empresa apontar volumes acima do esperado no primeiro trimestre.

No radar de indicadores do continente, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) do Reino Unido avançou 0,3% em março, na comparação com fevereiro, e subiu 0,7% na comparação com igual mês do ano passado, informou o Escritório Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês). Os números vieram em linha com a previsão dos analistas ouvidos pelo Wall Street Journal. Já o núcleo do CPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, subiu 0,4% em março ante fevereiro, quando a expectativa dos economistas era de alta de 0,2%. Na comparação anual, o núcleo do CPI subiu 1,1%, como esperado.

Covid e vacinas contra a Covid no Brasil

Na terça (20), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 2.830, alta de 3% em comparação com o patamar de 14 dias antes. Em apenas 24 h foram registradas 3.481 mortes pela doença.

As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h. A média móvel de novos casos em sete dias foi de 64.188, alta de 1% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 73.172 casos.

27.173.331 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 12,83% da população. A segunda dose foi aplicada em 10.718.372 pessoas, ou 5,06% da população. Analistas vêm apontando a velocidade da imunização como um dos fatores a influenciarem a retomada da economia.

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Segundo reportagem de bastidores publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, na próxima quinta (22), os líderes dos partidos no Senado se reúnem para discutir os próximos projetos a serem debatidos. A proposta conhecida como “fura-fila das vacinas”, que permite a empresas comprarem vacinas e empregá-las até mesmo em familiares de seus funcionários, sem a obrigação de doar parte delas ao SUS, deverá ficar fora da pauta.​

Apesar de ter sido aprovada pela Câmara dos Deputados, é possível que a proposta continue na gaveta, diz o jornal.
Em post realizado na terça-feira à noite em sua conta no Twitter, o ministro da Comunicações, Fábio Faria, afirmou que o governo brasileiro negocia a compra de mais 100 milhões de doses da vacina da Pfizer contra Covid-19. “A negociação começou há cerca de 20 dias e a pasta [da Saúde] busca dar celeridade ao processo”, escreveu.

O Brasil já havia fechado uma compra de outras 100 milhões de doses da Pfizer e a primeira entrega deve ocorrer na quinta-feira da semana que vem. Segundo uma fonte com conhecimento direto do assunto ouvida pela agência internacional de notícias Reuters, caso a nova compra seja fechada, o objetivo é que o segundo lote de 100 milhões de doses seja entregue no final do ano, visando a imunização em 2022.

Com um histórico de sucessivos anúncios e recuos sobre o recebimento de vacinas, o governo tem evitado apresentar de forma detalhada informações mais completas sobre o recebimento de doses de laboratórios na gestão do atual titular da Saúde, Marcelo Queiroga.

Mas, na terça, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, deu prazo de cinco dias para o governo federal se manifestar em uma ação movida pela Rede Sustentabilidade que cobra a divulgação detalhada do cronograma de recebimento de vacinas contra Covid-19.

“Desse modo, considerando a importância da matéria e a emergência de saúde pública decorrente do surto do coronavírus, solicitem-se prévias informações ao presidente da República e ao ministro de Estado da Saúde, no prazo de cinco dias, sobre os pedidos formulados”, determinou o ministro, em despacho.

Também na terça, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) enviou uma manifestação ao ministro Lewandowski em que pede a suspensão do prazo dado ao órgão regulador para analisar o pedido de importação de doses da vacina russa contra Covid-19 Sputnik V.

Lewandowski havia dado inicialmente um prazo até o final de abril para que a Anvisa tomasse uma decisão sobre o pedido de importação feito pelo governo do Maranhão, sob pena de permitir a autorização da importação do imunizante.

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O Maranhão e outros estados pressionam pelo aval para a compra da Sputnik V em meio à demora no avanço da imunização e pico de casos e mortes de Covid-19 no país.

Em sua manifestação, a agência argumentou não ter tido acesso a dados para fazer uma análise da vacina, e destacou que o prazo pode ser suspenso sob essas circunstâncias.

Na semana passada, laudos produzidos pela área técnica da Anvisa encaminhados ao STF identificaram “pontos críticos” referentes à demonstração de eficácia e segurança da vacina Sputnik V nos documentos que constam de pedido de importação feito pelo Maranhão. A área técnica da agência conclui que não há dados suficientes para fazer uma “análise de benefício-risco positiva sobre a vacina”.

Impasse do Orçamento

A Lei de Responsabilidade Fiscal prevê que o decreto sobre o Orçamento seja editado até 30 dias após a aprovação da lei orçamentária, o que faz com que o prazo para sanção presidencial se esgote já na quinta-feira (22).

Sem a sanção do Orçamento de 2021 até o momento, o presidente Jair Bolsonaro editou na terça um decreto que altera os limites provisórios da execução orçamentária dos órgãos, dos fundos e das entidades do Poder Executivo federal.

A medida busca atender às necessidades de verbas de AGU (Advocacia Geral da União); a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil); e os ministérios da Educação; da Infraestrutura; do Desenvolvimento Regional; da Saúde; da Ciência, Tecnologia e Inovações; da Defesa e das Comunicações.

De acordo com o jornal Valor Econômico, esses órgãos solicitaram um aumento dos limites de pagamento de despesas primárias discricionárias do exercício corrente. E de restos a pagar referentes a despesas de exercícios anteriores.
Segundo nota da Secretaria-Geral da Presidência, a medida tem validade até que seja editado o decreto de programação orçamentária definitivo.

O Orçamento de 2021, recentemente aprovado pelo Congresso Nacional expôs um impasse entre o Congresso, a ala política e a equipe econômica do governo. Isso porque ele foi aprovado com uma reestimativa de R$ 26,5 bilhões para baixo das despesas obrigatórias do governo e uma elevação dos recursos direcionados a emendas parlamentares e a áreas como defesa e segurança pública.

Segundo o Tesouro, da forma como está o Orçamento cria o risco de “paralisação das atividades essenciais do Estado”, o que faz com que seja chamado de fictício.

Na segunda-feira, o Congresso aprovou um projeto de lei que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e traz ajustes, com o aval do governo, para permitir a controversa sanção do Orçamento.

“Como a lei orçamentária ainda não foi sancionada, o Executivo continua efetuando as suas programações com base na execução provisória do Orçamento. Essa situação, contudo, deverá ser superada a partir do mês de maio, quando a programação definitiva já estará em vigor”, informou a Secretaria-Geral em nota.

Além disso, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Jens Arnold, economista da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) responsável pelas análises sobre o Brasil afirmou que: “Muitas pessoas ainda precisam de ajuda, mais de um ano após a Covid-19 chegar ao Brasil. E a segunda onda da pandemia agrava ainda muito mais a situação social”.

Ele também avaliou que “a conta que o Estado terá de pagar como legado da Covid-19 complicará ainda mais as finanças públicas, que já estavam complexas antes da crise”. Isso dificulta retomar o ajuste fiscal, afirmou.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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