Com até US$ 6 bi em investimentos para reduzir emissões, Vale busca transformar ameaças em oportunidades, diz BBI

Com até US$ 6 bi em investimentos para reduzir emissões, Vale busca transformar ameaças em oportunidades, diz BBI

SÃO PAULO – “Transformando ameaças em oportunidades”: foi dessa forma que o Bradesco BBI definiu em título de relatório o anúncio da Vale (VALE3) na última quinta-feira (24) de que a mineradora investirá entre US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões para redução das emissões.

Essas cifras são um avanço ante estimativa anterior que previa aportes de ao menos US$ 2 bilhões, segundo apresentação publicada pela companhia nesta quinta-feira.

O documento apresentado a analistas de mercado, por outro lado, mostra que a mineradora manteve as metas de redução de emissões previstas. “O aumento dos investimentos deve-se à maior maturidade adquirida no portfólio de iniciativas de redução das emissões diretas da empresa (escopo 1), a serem implementados até 2030”, disse a Vale em nota. As emissões diretas são provenientes de operações próprias.

Os novos aportes, ressaltou a companhia, serão executados ao longo dos próximos nove anos e já estão considerados no orçamento da empresa. “Oitenta por cento dos investimentos são VPL positivo, com preço interno de carbono de US$ 50 por tonelada”, acrescentou a empresa.

A Vale pontuou ainda que os US$ 2 bilhões anunciados no ano passado referem-se aos investimentos em energia renovável, como os projetos Folha Larga (eólica), na Bahia, e Sol do Cerrado (solar), em Minas Gerais. O projeto eólico já está operando desde agosto de 2020 e a planta solar encontra-se em implantação.

Em relatório, o BBI destacou que a Vale reiterou as metas de longo prazo relacionadas ao clima reiteradas, incluindo (i) reduzir a redução do escopo 1 e 2 em 33% até 2030 e zero líquido até 2050; (ii) 100% de energia renovável no Brasil até 2025 e globalmente até 2030 (já em 90% em 2020); (iii) redução das emissões líquidas do escopo 3 em 15% até 2035 (a Vale foi a primeira a anunciar uma meta quantitativa para o setor).

A administração da Vale realiza reuniões mensais para acompanhar o desempenho a fim de garantir que está no caminho certo para o cumprimento das metas, enquanto 5% da remuneração de curto prazo (de 10% relacionada à sustentabilidade) e 6% da remuneração de longo prazo (de 20% relacionadas a ESG, ou melhores práticas de meio ambiente, social e governança) estão vinculadas às metas climáticas.

O Bradesco BBI destaca que a descarbonização será um dos principais temas abrangentes da próxima década para o
mercado de metais e mineração, desencadeando mudanças fundamentais no lado da demanda e do fornecimento.

“A Vale é uma das líderes do setor que vem assumindo uma postura mais proativa em relação à descarbonização, visando manter a liderança e a competitividade no longo prazo. A empresa já tem algumas vantagens competitivas estruturais em relação aos pares (portfólio de produtos de alta qualidade, exposição a commodities com alto potencial de crescimento em um mundo de baixo carbono) e sua estratégia ESG de longo prazo (que inclui as metas climáticas) deve continuar a
contribuir para menor percepção de risco e reclassificação da ação”, avaliam. O BBI tem recomendação de compra para Vale e preço-alvo de R$ 133 por papel VALE3 para o final do ano de 2021.

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O Morgan Stanley avalia que a Vale tem metas de ESG agressivas, e um plano claro sobre como atingi-las. Na avaliação dos analistas, a Vale está bem posicionada para a redução das emissões dada a qualidade de seus produtos.

Entre as iniciativas, o banco ressalta o plano de utilizar gás natural na redução direta do ferro e de ferro briquetado quente; e o uso de biomassa para obter o “ferro gusa verde” em um método de fundição direta, com base em uma nova tecnologia em desenvolvimento pela Vale, chamada de Tecnored.

No setor de níquel e cobre, o Morgan Stanley ressalta o plano de substituir diesel por outras fontes renováveis de energia na mina de Voysey’s, de níquel, e uso de práticas mais sustentáveis para o cobre. O banco mantém avaliação overweight (exposição acima da média do mercado) para a Vale, com preço-alvo de US$ 27 para os ADRs, ou recibo de ações negociados nos EUA, VALE negociados na Bolsa de Nova York.

Projeto de níquel 

Outra notícia chamou a atenção dos investidores. O China Baowu Group, maior produtor de aço do mundo, anunciou também quinta-feira que unirá forças com a mineradora brasileira e com a Shandong Xinhai Technology para produzir níquel “pig iron” (NPI), matéria-prima do aço inoxidável, na Indonésia.

A Taigang Iron and Steel, subsidiária do grupo Baowu e segunda maior produtora de aço inoxidável da China, assinou um acordo com a PT Vale Indonésia (PTVI) e com a Xinhai –produtora de NPI– para a operação conjunta da unidade de processamento de níquel de Bahodopi, localizada em Morowali, na ilha de Sulawesi, disse a empresa em comunicado.

A Vale terá uma fatia de 49% do projeto, que deve produzir 73 mil toneladas de NPI por ano por meio de oito fornos elétricos rotativos (RKEFs, na sigla em inglês), enquanto Baowu e Xinhai dividirão os demais 51%.

Na avaliação da Guide Investimentos, a notícia é positiva. “Apesar do valor do projeto não ter sido ainda revelado, enxergamos a parceria com bons olhos, em virtude da diversificação tanto geográfica como de extração, além do fomento de parcerias no continente asiático. Salienta-se, entretanto, que a Vale, uma das maiores produtoras de minério de ferro e níquel do mundo, tem operações na Indonésia desde 1968 por meio da PTVI”, apontam.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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