Freada na recuperação da China é alerta para o resto do mundo

Freada na recuperação da China é alerta para o resto do mundo

Estátua de Mao e bandeira da China (Foto: Getty Images)

(Bloomberg) — A recuperação econômica da China, que segue uma trajetória em V desde a pandemia da Covid-19, vem perdendo velocidade. É um alerta para o resto do mundo sobre a durabilidade dos movimentos de retomada da atividade.

A mudança de perspectiva foi destaque na última sexta-feira, quando o Banco Popular da China reduziu a quantidade de dinheiro que a maioria das instituições financeiras precisa ter em reserva para aumentar empréstimos. Ainda que a instituição tenha negado que a decisão seja um novo estímulo, o tamanho do corte na alíquota do depósito compulsório para a maioria dos bancos, de 0,5 ponto percentual, causou surpresa.

Dados que serão publicados na quinta-feira devem mostrar desaceleração do crescimento econômico no segundo trimestre para 8%, vindo de um recorde de 18,3% no trimestre anterior, de acordo com pesquisa da Bloomberg com economistas. A expectativa também é de moderação dos resultados de vendas no varejo, produção industrial e investimento em ativos fixos.

A agilidade do Banco Popular da China para reduzir o compulsório das instituições financeiras é uma maneira de garantir que a recuperação se mantenha em um platô em vez de escorregar a partir daqui.

Sempre houve expectativa de que a economia iria recuar em relação às máximas atingidas durante o início da recuperação e devido à dissipação do efeito base baixo do ano passado. Porém, economistas dizem que a freada veio antes do esperado e pode se espalhar pelo mundo.

“Não há dúvida de que o impacto de uma desaceleração da China sobre a economia global será maior do que há cinco anos”, disse Rob Subbaraman, chefe de pesquisa de mercados globais da Nomura Holdings. “O status da China como primeiro país a entrar e primeiro a sair da Covid-19 também pode influenciar as expectativas do mercado, no sentido de que, se a economia da China está esfriando agora, outras seguirão por esse caminho em breve.”

O encontro dos ministros de Finanças do Grupo dos 20 em Veneza no sábado mostrou alarme diante de ameaças que podem inviabilizar a já frágil recuperação global, uma vez que novas variantes do coronavírus e a vacinação desigual podem abalar as perspectivas de melhora da economia mundial. Na segunda-feira, analistas citados pela mídia estatal chinesa disseram que o crescimento doméstico irá se desacelerar no segundo semestre devido a uma recuperação global incerta.

A recuperação mais lenta da China corrobora o entendimento de que a inflação industrial provavelmente atingiu o pico e que os preços das commodities podem recuar ainda mais.

“A desaceleração do crescimento da China deve significar pressão desinflacionária no curto prazo em todo o mundo, especialmente na demanda por metais industriais e bens de capital”, disse Wei Yao, economista-chefe para a região Ásia-Pacífico do Société Générale.

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A mudança de perspectiva reflete o estágio avançado da recuperação com estabilização do crescimento, de acordo com a Bloomberg Economics.

O que diz a Bloomberg Economics: “Olhando além das distorções dos dados, a recuperação está amadurecendo, não tropeçando. Os dados de atividade e comércio de junho devem delinear um quadro semelhante, com uma expansão mais lenta, porém ainda sólida”, segundo a equipe de economistas da Ásia.

Dentro da China, a grande dúvida ainda é por que as vendas do varejo permanecem fracas, embora o vírus siga sob controle. A Bloomberg Economics prevê outra rodada de vendas em desaceleração em junho, uma vez que o otimismo foi contido pelas medidas para combater surtos esporádicos da Covid-19.

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