“Pessoa física deu uma aula nos estrangeiros”, diz Giufrida, 36 anos de mercado

“Pessoa física deu uma aula nos estrangeiros”, diz Giufrida, 36 anos de mercado

investidor pessoa física sempre foi visto pelos profissionais do mercado como aquele que tomava decisões erradas de investimentos em momentos importantes. Era aquele que vendia quando deveria comprar e comprava quando deveria vender.

Na outra ponta do negócio estava o gringo, comprando quando as pessoas físicas jogavam tudo para o alto e vendendo quando estavam eufóricos. Até hoje a imagem do pessoa física sofre por conta do seu passado, mas o Coffee & Stocks está aí para dizer que essa fama está mudando.

“O grande comprador de todo esse ciclo de baixa foi a pessoa física, que deu uma aula para os estrangeiros”. A opinião é de Marcelo Giufrida, gestor da Garde Asset Management, no Coffee & Stocks desta terça-feira. Com 36 anos de experiência, passou por diversos ciclos econômicos e tem acompanhado de perto essa mudança de mentalidade do investidor brasileiro.

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As explicações são duas. A primeira é local e a segunda é externa.

Questão interna

“As crises no Brasil vinham imediatamente seguidas de altas de juros. Toda piora no ambiente local gerava alta do dólar, pressão nos preços e inflação. Consequentemente o Banco Central tinha que subir juros. Desde 2017 as crises passaram a ter como resposta do Banco Central a manutenção de juros baixos, não só porque a economia já tinha um choque recessivo, mas também pelo ganho de credibilidade do BC. Esse ambiente [de juros baixos] tem feito com que o investidor tenha incentivos corretos para, diante de oportunidades, comprar quando os ativos estão baratos. […] O CDI a 2% é um incentivo à procura de investimentos de longo prazo.”

Questão externa

O Brasil ficou um país muito complexo de entender e cercado por uma vizinhança – Argentina, Chile, Venezuela e México – também complexa. Quando os investidores olhavam para o Brasil e viam um país com dificuldades de crescimento, atrasado no ciclo de recuperação e com juros baixos, não havia apelo para vir para cá. Soma-se a isso o fraquíssimo conteúdo tecnológico das nossas empresas quando comparado às de países asiáticos. O resultado foi esse: houve um pânico no mercado, o gringo foi embora e os pessoas físicas compraram empresas por metade do preço de antes da crise.

Posições do fundo

Segundo Giufrida, o fundo está:

1) vendido em dólar ante real, com posição já reduzida por conta das quedas recentes;

2) comprado em ações brasileiras e americanas, com a maior parcela investida no Brasil em empresas que ficaram para trás após a recuperação dos mercados e com “short” em outros emergentes;

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3) redução das posições em juros prefixados de curto prazo, mesmo enxergando espaço para a Selic cair para 1,5% ao ano.

“Nossa avaliação é que o BC pode chegar a 1,5%. A queda recente do dólar inclusive ajuda nisso. Ele tem que trazer esse alívio financeiro para as empresas e pessoas […] porém, como a questão fiscal brasileira ainda preocupa, não enxergamos tanto prêmio na curva curta de juros.”

O Coffee & Stocks é um programa diário de entrevistados apresentado pelo criador do Stock Pickers, Thiago Salomão. Ele é transmitido ao vivo às 7h15 da manhã no Instagram do Stock Pickers.

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