Frágil recuperação da economia global está ameaçada por novos focos de coronavírus

Frágil recuperação da economia global está ameaçada por novos focos de coronavírus

Stock market fall with Coronavirus outbreak (oonal/Getty Images)

(Bloomberg) — A frágil recuperação da economia global corre risco de estagnação.

Novos focos de coronavírus na região da Ásia-Pacífico, cujo combate ao vírus foi considerado mais eficaz do que em outros lugares, soam um alerta para o resto do mundo.

A China registrou nesta semana o maior número de infecções domésticas em mais de quatro meses, e um novo caso surgiu em Pequim, o primeiro em 21 dias. Tóquio, Hong Kong e Melbourne registram casos recordes e até o Vietnã, que passou quase 100 dias sem um novo paciente local, agora tenta controlar um surto.

A pandemia continua avançando em regiões dos EUA, epicentros na Europa e em grandes economias emergentes, incluindo Índia e Brasil. Com poucas perspectivas de um “circuit breaker” até que uma vacina seja descoberta e distribuída, governos terão que reforçar os estímulos depois dos US$ 11 trilhões injetados e apoio sem precedentes de bancos centrais desde o início da crise.

O Federal Reserve se reúne nesta semana para decidir sobre as taxas de juros, enquanto congressistas dos EUA debatem outro pacote de estímulo fiscal de US$ 1 trilhão. A União Europeia acaba de aprovar um pacote para a crise de 750 bilhões de euros (US$ 878 bilhões), e governos ao redor do mundo terão que estender os programas de apoio.

“A recuperação econômica global está em risco”, disse Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s Analytics. “A chave para garantir que a economia global não entre novamente em recessão nos próximos meses é o contínuo apoio monetário e fiscal agressivo.”

Fatores de crescimento

Muito dependerá da rapidez com que a confiança do consumidor possa ser restabelecida. Viagens e turismo ainda estão em crise e seguram a demanda reprimida. A confiança também depende do sucesso do controle do vírus e por quanto tempo pessoas demitidas levarão para encontrar emprego.

Grandes marcas globais, como Deutsche Lufthansa, Airbus, Marks & Spencer Group e LinkedIn, da Microsoft, estão cortando empregos. O Yelp estima que mais da metade dos fechamentos temporários de empresas nos EUA no início do surto de coronavírus agora sejam permanentes.

“Como os consumidores foram a principal força para o desempenho excepcional e emprego robusto até 2019, até que o consumidor volte, o crescimento global terá um desempenho mais fraco”, disse Catherine Mann, economista-chefe do Citigroup e ex-economista-chefe da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

O Goldman Sachs alertou que as economias da Ásia-Pacífico, que responderam por mais de 70% do crescimento global em 2019, passaram por um grande ponto de inflexão em junho, quando o ritmo de reabertura da região “desacelerou materialmente” e desafios significativos se aproximam.

As economias da região atingiram “o fim do começo” da recuperação, de acordo com Andrew Tilton, economista-chefe do Goldman para Ásia-Pacífico.

Embora a economia da China tenha voltado a crescer no último trimestre e as leituras sobre a produção industrial tenham mostrado recuperação em forma de V, tanto a demanda do consumidor quanto o investimento privado permanecem fracos.

Nos EUA, a recuperação começa a desacelerar em meio ao aumento de casos de coronavírus em vários estados.

Mesmo quando uma vacina for descoberta, haverá uma espera até que esteja disponível globalmente, disse o ex-presidente do banco central indiano Raghuram Rajan, durante conferência online na semana passada organizada pelo DBS Group.

“As principais economias voltarão a operar plenamente provavelmente no segundo ou terceiro trimestre do próximo ano, mesmo com tudo funcionando como planejado, o que neste mundo é difícil de imaginar”, disse.

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