Bradesco tem resultado de boa qualidade no 1º tri, mas inadimplência é ponto de atenção

Bradesco tem resultado de boa qualidade no 1º tri, mas inadimplência é ponto de atenção

O Bradesco registrou um lucro líquido recorrente de R$ 6,5 bilhões no primeiro trimestre de 2021, uma queda de 4,2% na comparação com o quarto trimestre de 2020, porém aumento de 73,6% em relação ao mesmo período do ano passado, divulgou a instituição financeira na noite da última terça-feira (4).

Os resultados foram considerados positivos pelos analistas de mercado mas, apesar disso, a sessão começou com queda para as ações, que foram zerando ao longo do dia, acompanhando o movimento de alta do mercado.  Os ativos BBDC4 chegaram a cair mais de 2% mas, às 14h19 (horário de Brasília), subiam 0,34%, a R$ 23,88.

O lucro líquido contábil foi de R$ 6,15 bilhões. A média das projeções dos analistas do mercado financeiro para o lucro do banco era de R$ 6,02 bilhões, de acordo com dados compilados pela Refinitiv.

Com relação ao crédito, o Bradesco viu sua carteira expandida avançou 2,6% nos três primeiros meses deste ano e alcançou R$ 705,2 bilhões, saldo 7,6% superior ao verificado no fim de março de 2020.

As despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa, mais conhecidas pela sigla PDD, cederam 14,5% na comparação com o período imediatamente anterior e ficaram em R$ 3,9 bilhões, 41,8% abaixo em relação ao primeiro trimestre do ano passado. O estoque de provisões, no entanto, chegou a R$ 46 bilhões, uma alta de 11,3% sobre o resultado pouco acima de R$ 40 bilhões registrado há um ano.

Os últimos 12 meses foram de ajustes na operação do Bradesco, de acordo com o balanço divulgado ontem. No período, o banco fechou 1.088 agências e demitiu cerca de 8,5 mil funcionários. Apenas nos primeiros três meses de 2021, foram encerrados 83 pontos de atendimento e fechados 888 postos de trabalho.

O Bradesco manteve as projeções de desempenho para 2021, os chamados guidances, divulgadas no início deste ano. O banco espera que sua carteira de crédito cresça de 9% a 13% neste ano. No primeiro trimestre, os empréstimos tiveram incremento de 7,6%. O banco espera ainda que sua receita de prestação de serviços tenha aumento de 1% a 5% neste ano ante 2020. No primeiro trimestre, esse faturamento, porém, encolheu 2,6%.

Nas despesas, o Bradesco promete seguir com austeridade no corte de custos e vê a possibilidade de seus gastos operacionais se reduzirem em até 5%, no melhor cenário. No mínimo, devem cair 1%. De janeiro a março, o corte foi de 4,7%.

O Credit Suisse destacou que Bradesco reportou bons resultados, com um Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) de 18,1% e registrando um balanço de boa qualidade, o que deixa a equipe de análise confiante de que a companhia está caminhando para um 2021 robusto, mesmo considerando a menor contribuição da margem financeira (NII, na sigla em inglês) com o mercado e as provisões adicionais.

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Para os analistas, embora alguns possam ver a margem do cliente estável como um ponto de preocupação, a equipe espera que acelere nos próximos trimestres, à medida que os volumes de crédito continuem subindo e o mix de empréstimos melhore com a maior participação de crédito de varejo e o retorno das linhas de crédito rotativo.

O lucro líquido gerencial ficou 6% acima do consenso e 9% acima do esperado pelo Credit. O custo de risco ficou menor do que o esperado, grande queda em opex e resultados de seguro mais sólidos foram os principais destaques positivos. Os analistas reiteraram recomendação de outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 30,91.

A XP destaca que os resultados foram impulsionados principalmente por um forte desempenho operacional, com melhorias em sua margem financeira, seguros e custos.

De acordo com Marcel Campos e Matheus Odaguil, analistas da XP, a companhia registrou um bom desempenho operacional, apontando que o segmento de seguro parece estar se recuperando.

Isso porque, depois de um fraco 2020, em que o negócio de seguros representou apenas 26% do lucro fraco do banco (versus 29% nos ganhos de R$ 26 bilhões de 2019), e implicando em 13,4% de rentabilidade (versus 19% em 2019), 2021 começou bem com o segmento atingindo 25% de um lucro 74% maior na base anual, implicando em rentabilidade de 20%, seu melhor resultado desde o quarto trimestre de 2019, visto que as receitas financeiras melhoraram no trimestre saltando 90% anual, para R$ 1,4 bilhão.

“Esperamos que o seguro tenha um bom desempenho nos próximos trimestres, assim como o segundo aumento de sinistros da segunda onda de COVID no trimestre e os participantes da indústria declararam que os clientes começaram a evitar procedimentos seletivos novamente”, avaliam os analistas.

O Bradesco ainda apresentou redução de custos de 5% na base anual, melhor do que o guidance do banco e levando a uma melhora do índice de eficiência do banco. “As despesas parecem estar caindo em todos os lugares, de pessoal a despesas administrativas específicas, e vemos isso como um movimento necessário com tanta concorrência vindo dos bancos digitais mais leves e empresas de varejo”, reforçam.

Por outro lado, os analistas avaliam que precisam de mais clareza da administração sobre o aumento sazonal da inadimplência, uma vez que o índice de inadimplência em 90 dias se deteriorou 28 pontos-base no trimestre, para 2,5% (e ficando 8 pontos-base acima da expectativa da XP), significativamente afetado por empréstimos renegociados já provisionados. A inadimplência vinha estável em 1,9% desde setembro, depois de ter atingido o pico de 4,5% no primeiro trimestre do ano passado.

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Com a alta da inadimplência, o banco consumiu 50 pontos percentuais em índice de cobertura – relação entre empréstimos inadimplentes e provisões – em 90 dias para 350%. Embora ainda em um patamar confortável, os analistas esperam que a inadimplência aumente consideravelmente nos próximos trimestres.

“No conjunto, acreditamos que o resultado foi positivo”, apontam os analistas. Na véspera, vale ressaltar, as ações tiveram queda de cerca de 3% tanto repercutindo o resultado do Itaú (que, mesmo com forte alta do lucro, decepcionou pela qualidade do resultado, veja mais clicando aqui) quanto pelo dia mais negativo do mercado no exterior.

Os analistas da XP reiteram recomendação de compra e preço-alvo de R$ 27 para o banco de Osasco, pois acreditam que: i) seus resultados sejam mais sustentáveis no longo prazo; ii) sua estratégia de redução de custos está alinhada às nossas expectativas de um banco mais eficiente na era digital; enquanto iii) seus múltiplos parecem descontados para pares privados com um preço por patrimônio líquido de 1,5 vez no trimestre.

Cabe destacar que os ativos BBDC4 lideram a preferência dos analistas entre os bancos, de acordo com compilação feita pela Refinitiv, com quatorze recomendações de compra, zero neutra e zero de venda. No caso do Itaú (ITUB4), nove recomendam compra, sete têm recomendação neutra e zero de venda. Para o Santander (SANB11) e Banco do Brasil (BBAS3), uma divisão ainda maior: cinco recomendam compra, sete têm recomendação neutra e uma recomendação é de venda para SANB11. No caso de BB, nove recomendam compra, cinco têm recomendação neutra e uma é de venda.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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