Edifício que a Uliving vai construir em Santos, perto da Universidade São Judas (Divulgação)
SÃO PAULO – Mesmo com um retorno ainda tímido para classes após meses de aulas virtuais, a Ânima Educação (ANIM3) está apostando forte na educação presencial. Em parceria com uma startup, a rede de ensino superior busca trazer o hábito americano e europeu de moradia nos campi universitários para o ensino superior privado brasileiro. A Ânima Educação firmou uma parceria com a Uliving, startup que opera moradias estudantis desde 2012.
Fundada em 2003, a Ânima Educação tem 330 mil estudantes espalhados por 18 instituições de ensino superior, com marcas como Anhembi Morumbi e São Judas. A empresa afirma ser a quarta maior organização educacional privada no país em número de estudantes e a terceira em receita líquida. São mais de 100 campi universitários. A Uliving pode captar até R$ 800 milhões para a construção de edifícios próximos a essas instituições, com uma oferta inicial de 5 mil camas em 15 empreendimentos. Essas construções levarão entre cinco a sete anos.
O objetivo é atender principalmente alunos que se mudam das cidades natais para cursar o ensino superior. Essa mudança é comum em cursos concorridos e com alta dedicação presencial, como Medicina. Segundo o Ministério da Educação, o Brasil tem cerca de 8,5 milhões de universitários. Estima-se que um quinto tenha saído da casa da família para estudar.
“Acreditamos que o estudante escolhe o melhor que conseguir, dependendo de sua capacidade financeira e de mobilidade. Queremos criar um mercado e trazer a cultura de moradia estudantil para o país, permitindo que as famílias possam enviar os filhos para estudarem em outras cidades com comodidade e segurança. Pensamos naquele jovem do interior que acabou o ensino médio e vai se mudar para uma cidade maior, e agora vai poder morar dentro ou próximo do campus universitário”, afirmou Marcelo Bueno, CEO da Ânima Educação, ao InfoMoney.
Marcelo Bueno, CEO da Ânima Educação (Divulgação)
A Uliving tem cinco prédios em funcionamento em São Paulo e no Rio de Janeiro, com 1.500 apartamentos ao todo. A startup faz parte de uma holding que inclui a VBI Real Estate, gestora que capta recursos com investidores para investir no mercado imobiliário brasileiro – incluindo aportes nas moradias da Uliving.
“Embora a moradia estudantil tenha provado sua resiliência como classe de ativos imobiliários institucionais na América do Norte, na Europa, na Austrália e outros lugares, a oferta de acomodação institucional e uma experiência universitária holística está apenas iniciando no mercado brasileiro”, afirmou em comunicado sobre a parceria Ken Wainer, sócio-fundador da VBI Real Estate.
“A formação do jovem não está apenas no que acontece dentro das salas e dos laboratórios. Experiências como atléticas, congressos, diretórios acadêmicos, empresas juniores, estágios e relacionamento com estudantes e professores são fundamentais. A moradia conectada com o campus permite vivenciar melhor tudo isso”, completou na mesma entrevista Juliano Antunes, cofundador e presidente da Uliving.
Juliano Antunes, cofundador da Uliving (Divulgação)
A Uliving como um todo espera chegar a 2.000 apartamentos até janeiro de 2022. A ocupação nos prédios da startup chegou a cair de 80% para 65% nos piores meses da pandemia, com a adoção de aulas remotas e muitos alunos voltando às suas cidades natais. Mas a Uliving viu uma retomada expressiva em julho deste ano e espera alcançar uma ocupação como a dos meses pré-pandemia até o começo de 2022.
O primeiro prédio fruto da parceria entre Ânima Educação e Uliving será inaugurado no final de agosto, próximo da Universidade São Judas em Santos (São Paulo). Serão 218 suítes individuais, combinadas a áreas comuns como cozinha, coworking, lavanderia e sala de jogos. O aluno não precisará de fiador para assinar o contrato, e contas como água, internet e luz estão inclusas.
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O foco inicial está nos estudantes de Medicina, mas a Ânima espera no futuro ampliar a oferta para estudantes de todos os cursos. As locações partirão de R$ 1,2 mil por mês no Uliving de Santos.
A Ânima Educação fornecerá a primeira originação para os prédios, indicando seus estudantes. Mas os edifícios também poderão abrigar alunos de instituições que não fazem parte da rede. A empresa está estudando oferecer condições especiais aos seus alunos, como formas diferenciadas de pagamento e subsídios para os melhores alunos. A Ânima Educação ainda não divulga mais detalhes sobre essas condições.
Essa é uma aposta da Ânima na volta forte do ensino presencial, mesmo com a expansão do ensino a distância (EAD) durante a pandemia do novo coronavírus. “Estamos preparados para voltar às classes desde agosto de 2020. Não voltamos até o momento diante de novas ondas de contágio. Neste mês, voltaremos em esquema de rotação das turmas entre atividades digitais e salas e laboratórios físicos”, diz Bueno. “A vida será híbrida. Acreditamos em oferecer uma experiência única de convivência como diferencial, junto a uma educação de qualidade. Dormitório e sala de aula devem ser integrados dentro do ecossistema da Ânima.”
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