Anvisa pausa testes da vacina chinesa, produzida em parceria com Instituto Butantan, após evento adverso grave

Anvisa pausa testes da vacina chinesa, produzida em parceria com Instituto Butantan, após evento adverso grave

(Pexel/Retha Ferguson)

SÃO PAULO – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou, na noite desta segunda-feira (09), a interrupção do estudo clínico da vacina CoronaVac. Segundo a agência, a produção da vacina chinesa, produzida pela farmacêutica Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, foi suspensa após a ocorrência de um evento adverso em um dos voluntários brasileiros, que participou dos testes.

“Após a ocorrência de um evento adverso grave, a Anvisa determinou a interrupção do estudo clínico da vacina CoronaVac. O evento ocorrido no dia 29/10 foi comunicado à Agência, que decidiu interromper o estudo para avaliar os dados observados até o momento e julgar o risco/benefício da continuidade do estudo”, diz a nota da Anvisa, publicada às 21h25 desta segunda-feira.

Segundo a agência, esse tipo de interrupção é previsto pelas normas da Anvisa e faz parte dos procedimentos de boas práticas clínicas, que são esperadas para estudos conduzidos no Brasil.

“Com a interrupção do estudo, nenhum novo voluntário poderá ser vacinado”, prossegue a nota da agência, que acrescenta que os dados sobre voluntários das pesquisas devem ser mantidos em sigilo, para respeitar princípios de confidencialidade, dignidade humana e proteção dos participantes.

Apesar de não detalhar a causa da interrupção, a Anvisa destacou que, dentro do rol de “eventos adversos graves”, estão: “Óbito; evento adverso potencialmente fatal (aquele que, na opinião do notificante, coloca o indivíduo sob risco imediato de morte devido ao evento adverso ocorrido); incapacidade/invalidez persistente ou significativa; exige internação hospitalar do paciente ou prolonga a internação; anomalia congênita ou defeito de nascimento; qualquer suspeita de transmissão de agente infeccioso por meio de um dispositivo médico; evento clinicamente significante.”

A CoronaVac é uma das dez vacinas do mundo que estão na fase três de testes clínicos, a última etapa antes da aprovação, quando a vacina é testada em um grupo composto por milhares de voluntários. Os participantes dos testes da vacina da Sinovac no Brasil são profissionais de saúde e, até o momento, já foram aplicadas 15 mil vacinações em 9 mil voluntários.

Instituto Butantan

Em comunicado, o Instituto Butantan disse que foi surpreendido pela decisão da Anvisa e está apurando em detalhes a interrupção dos estudos clínicos da Coronavac. O Butantan afirmou ainda que está à disposição da agência para prestar os esclarecimentos necessários referentes a qualquer evento adverso apresentado até momento.

À TV Cultura, Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan afirmou que a Anvisa foi notificada de um óbito de um dos voluntários, mas a morte não tem a ver com os testes. “Ou seja, como são mais de 10 mil voluntários nesse momento, podem acontecer óbitos. Nesse momento, [o voluntário] pode ter um acidente de trânsito e morrer”, declarou Covas.

O anúncio de interrupção da vacina aconteceu no mesmo dia em que foram iniciadas as obras da nova fábrica do Instituto Butantan para a produção da CoronaVac.

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O governador de São Paulo, João Doria, inclusive, esteve no Instituto Butantan para acompanhar o início das obras e informou, durante a tarde desta segunda-feira, que o estado vai receber as 120 mil primeiras doses da vacina contra Covid-19, no dia 20 de novembro.

Na visita, Doria havia reforçado que a Anvisa já havia autorizado a importação dos lotes de 6 milhões de vacinas pelo Instituto Butantan.

No total, o governo paulista fechou contrato com a chinesa Sinovac para aquisição de 46 milhões de doses da CoronaVac. As primeiras 6 milhões virão prontas da China, enquanto as outras 40 milhões serão envasadas e rotuladas no Instituto Butantan a partir de material que será importado.

O Butantan receberá essas doses em lotes. Até 30 de dezembro, o instituto terá as 6 milhões de vacinas prontas, de acordo com Doria.

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