Com alto prêmio pago em leilão de privatização, ação da CPFL deve continuar pressionada na Bolsa, avaliam analistas

Com alto prêmio pago em leilão de privatização, ação da CPFL deve continuar pressionada na Bolsa, avaliam analistas

SÃO PAULO – Na última sexta-feira (16), a elétrica CPFL Energia (CPFE3) adquiriu cerca de 66% do capital social da Companhia Estadual de Transmissão de Energia Elétrica (CEEE-T), do Rio Grande do Sul, em leilão de privatização ocorrido na B3.

O lance representou um ágio de 57,13% em relação ao valor mínimo da operação, de R$ 1,7 bilhão – o que foi avaliado como excessivo por analistas do mercado financeiro.

Na avaliação da casa de análise Levante, o alto prêmio pago pela companhia poderá continuar pressionando negativamente as ações CPFE3, além de levantar dúvidas sobre a taxa interna de retorno (TIR).

Na sexta, os papéis CPFE3 fecharam em baixa de 1,41%, a R$ 26,55. Já nesta segunda-feira (19), as ações encerraram o pregão com queda da ordem de 1%, a R$ 26,29. Na mínima do dia, os papéis chegaram a cair 1,92%, a R$ 26,04.

Para os analistas da Levante, por mais que o negócio seja positivo do ponto de vista estratégico, com a companhia podendo explorar sinergias com suas demais operações, o preço acertado gera ressalvas.

“Apesar de entendermos o desafio de expansão de negócios em um ambiente com poucas opções de crescimento, vemos o arremate da CEEE-T por um alto prêmio como arriscado para a CPFL, que precisará extrair valor significativo da operação para que ela faça sentido”, escrevem os analistas.

Em relatório divulgado nesta segunda-feira (19), o Bank of America diz ver como principal ponto positivo a melhor estrutura de capital, dado que o ativo é negociado hoje a 1,4 vez a dívida líquida sobre o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) estimado para 2021.

O cenário-base do banco, contudo, não incorpora a realavancagem, dadas as incertezas sobre a limitação de pagamentos de dividendos à holding, segundo os analistas.

“Em uma base consolidada, vemos os níveis de alavancagem da CPFL abaixo de 2,5 vezes a dívida líquida sobre o Ebitda para 2021, mesmo assumindo um pagamento de dividendos mais alto (95% contra os 50% mais recentes). Como risco de downside, a administração mencionou que poderia reavaliar as provisões (atualmente contabilizadas em R$ 125 milhões), principalmente relacionadas a processos trabalhistas”, completa o time de análise.

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Com relação à queda dos papéis na Bolsa, o BofA afirma que o movimento está relacionado às preocupações de que o rendimento dos dividendos possa ser pressionado pela compra.

“Embora não vejamos a aquisição impactando substancialmente os rendimentos, observamos que a CPFL pode continuar buscando oportunidades de crescimento em vez de aumentar os dividendos”, escrevem os analistas.

Já em comentário divulgado nesta segunda, os analistas do Credit Suisse escrevem que a administração da CPFL vê potencial de corte de custos da ordem de 50% quando comparado a pares, permitindo uma margem Ebitda sustentável de cerca de 75%.

Além disso, escrevem que a companhia estima capex de R$ 1,5 bilhão para os próximos cinco anos, que deve ser convertido em mais receita quando o investimento for concluído.

“Destacamos ainda que a empresa mencionou que o ativo tem espaço para alavancagem adicional, provavelmente melhorando o retorno final. Acreditamos que, considerando tudo isso, a TIR real implícita poderia ser próxima a 7% e, portanto, sendo razoável para um ativo operacional”, conclui o time de análise.

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