Ação da Gafisa volta aos poucos ao radar do mercado após crise, mas BBI destaca que ainda há muito a ser (re)construído

Ação da Gafisa volta aos poucos ao radar do mercado após crise, mas BBI destaca que ainda há muito a ser (re)construído

(Divulgação)

SÃO PAULO – Em meio a um período de grande desconfiança no mercado, em que passou por processo de encolhimento, suspensão de lançamentos (sem lançar nada entre 2018 e 2019), endividamento elevado e mudanças em sua administração, a Gafisa (GFSA3) saiu do radar dos analistas.

Porém, com aumento de capital, melhora de indicadores financeiros e voltando a entregar resultados, a ação da companhia está voltando a chamar a atenção.

Em relatório na última quinta-feira (22), o Bradesco BBI informou ter voltado a cobrir o papel GFSA3, com recomendação neutra, destacando que a companhia atingiu conquistas notáveis, mas que ainda há muito a ser (re)construído. O preço-alvo para a ação é de R$ 5,50, uma alta de 34% em relação ao fechamento de quinta-feira (22).

Para os analistas Bruno Mendonça, Hugo Grassi e Pedro Lobato, que assinam o relatório, a relação entre risco e retorno da ação está bastante equilibrada neste ponto, o que justifica a recomendação neutra. “Reconhecemos, no entanto, a evolução positiva em direção às metas de recuperação da administração, embora seja muito cedo para considerá-la concluída”, destacam.

Eles avaliam, contudo, que vale a pena trazer o “nome de volta à tela”, dado o seu volume médio diário de negócios, de R$ 21 milhões, um dos mais altos entre os pares da Gafisa listados no Brasil. Segundo os analistas, as preocupações com o balanço parecem estar resolvidas, com uma relação entre dívida e patrimônio líquido de 40%.

De acordo com eles, esse número é notável em comparação com a empresa aparentemente devastada que a gestão atual assumiu em 2019, com uma relação entre dívida líquida e patrimônio líquido no primeiro trimestre daquele ano de 162%.

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Os analistas também apontam o que poderia levar a uma “reclassificação” das ações, tornando-as mais atrativas. “Acreditamos que os desafios estão na geração de valor para o acionista, atualizando efetivamente os lançamentos residenciais, cumprindo adequadamente sua estratégia de fusões e aquisições e diversificando em propriedades geradoras de renda – todas viáveis, mas não óbvias”, apontam.

O banco vê a Gafisa em linha com outras histórias da cobertura dos analistas, como Moura Dubeux (MDNE3), com recomendação outperform (perspectiva de valorização acima da média) e preço-alvo de R$ 16; e Helbor (HBOR3), com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 12,50, embora tenha maiores riscos de execução em sua estratégia de M&A. Os analistas destacam preferência por cases mais estáveis, como a da Trisul (TRIS3), para a qual tem avaliação outperform e preço-alvo de R$ 15.

Prévia operacional do 2º tri: vendas animam, estoques preocupam

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Na segunda-feira, a Gafisa divulgou sua prévia operacional do segundo trimestre de 2021. Na avaliação da casa de análise Levante Ideias de Investimentos, seus números vieram mistos, com destaque positivo para suas vendas líquidas, porém desapontando com um estoque mais elevado.

Em relação às vendas líquidas, a companhia apresentou um avanço de 39,6% na comparação trimestral, totalizando R$ 180 milhões no trimestre. Já o aumento de estoques foi de 22% na base trimestral, a R$ 1,2 bilhão.

A taxa de velocidade de vendas, medida pelo indicador VSO, apresentou alta de 1,4 ponto percentual, registrando 13,1% no período. A companhia também apresentou um aumento de 46,2% em seus lançamentos, atingindo R$ 905,5 milhões no período.

“Vemos como ponto preocupante o estoque de R$ 1,2 bilhão, que representaria 2 anos de vendas iguais ao primeiro semestre de 2021”, aponta a Levante. Os analistas da casa destacam que, apesar de parte destes se tratar de herança da “velha” Gafisa, a “nova” Gafisa terá como desafio a venda desses imóveis.

Já do lado positivo, a companhia apresentou melhora em suas vendas líquidas no segundo trimestre de 2021, de R$ 129 milhões para R$ 180 milhões. “Apesar de ser usual comparar anualmente, tanto nas construtoras como nas outras empresas por conta da sazonalidade, esta não se mostra a prática mais adequada para a análise, com o segundo trimestre de 2020 praticamente não existindo para as construtoras devido a explosão da covid-19 na época”, apontam. Assim, ao comparar com o primeiro trimestre, o resultado neste ponto foi positivo, apesar de o primeiro trimestre apresentar dificuldades de venda por conta do verão, férias e isolamento social em 2021.

Para a Levante, contudo, mais informações sobre a companhia só serão conhecidos no dia 17 de agosto, quando serão divulgados os resultados completos do segundo trimestre. Isso porque o principal problema da Gafisa sempre foi o de margens baixas e consumo de caixa, “cujos números ainda não sabemos se virão animadores ou não”.

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