O que esperar dos resultados do 4º trimestre de 2019? Confira ações e setores para ficar de olho

O que esperar dos resultados do 4º trimestre de 2019? Confira ações e setores para ficar de olho

Painel de ações e gráfico (Crédito: Shutterstock)

SÃO PAULO – Os números fechados da economia brasileira em 2019 vão demorar para ser conhecidos, com o PIB só sendo divulgado em março pelo IBGE. Porém, a temporada de resultados do quarto trimestre do ano passado, que começa nesta semana, trará bons indicativos sobre o ritmo de crescimento, assim como perspectivas das empresas para o mercado depois de um 2019 bastante positivo para o Ibovespa.

O cenário apontado é de crescimento, conforme aponta a XP Investimentos em relatório de prévias (confira na íntegra clicando aqui): apesar da recuperação econômica ainda se dar de forma gradual, os analistas da casa destacam a evolução positiva de determinados indicadores que impactam diretamente o ambiente microeconômico das empresas, como a queda da inflação (IPCA de 4,31% no ano) e os juros baixos (Selic de 4,5% no final de 2019).

Contudo, o primeiro resultado não deve agradar: a temporada se inicia nesta segunda-feira (27), com a Cielo (CIEL3), que apresenta seus números depois do fechamento do mercado e deve mostrar mais um trimestre desafiador em meio ao cenário concorrencial com a PagSeguro e Stone, entre outras companhias que disputam espaço em um terreno até pouco tempo atrás dominado por ela.

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De acordo com estimativas do Goldman Sachs, que recentemente reduziu a recomendação para os ativos para equivalente à venda, a credenciadora de cartões deve registrar um crescimento do volume de vendas de 10% na base de comparação anual, mais lentamente do que o mercado em geral, diminuindo a participação de mercado. Além disso, é projetada uma queda de 5% na receita líquida; outra má notícia é de que as despesas devem continuar crescendo, impulsionadas pelos esforços para adaptar o modelo de negócios para impedir perdas de participação de mercado.

Na sequência, mais precisamente na quarta-feira (29) antes da abertura do mercado, serão apresentados os números do Santander Brasil (SANB11). Para o Itaú BBA, a subsidiária brasileira do banco espanhol deve sustentar bons retornos sobre o patrimônio líquido (ROAE de 20,5%), além de um forte crescimento de crédito, além de um crescimento do lucro para R$ 3,7 bilhões, alta de 9,7% na base de comparação anual.

A XP também avalia que haverá um forte crescimento na carteira de crédito, principalmente em pessoas físicas, mas iniciando recuperação no segmento de empresas. Por outro lado, a margem financeira deve continuar crescendo menos do que a carteira, que está sendo negativamente afetada pela margem com clientes.

Para o setor bancário em geral, a XP espera um bom trimestre, com crescimento da margem financeira puxado pelo maior volume de crédito e pelo mix da carteira voltado a pessoas físicas, pequenas e médias empresas. “O Banco Central mostrou que o crescimento do crédito permanece saudável, enquanto a inadimplência não apenas se manteve controlada, como caiu, enquanto o spread (margem dos bancos) se manteve”, avalia, levando à avaliação de que bancos fortes no varejo, como Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC3;BBDC4), Santander Brasil e Itaú Unibanco (ITUB4) devam se beneficiar.

O UBS também aponta que o setor deve apresentar bons resultados, além de mostrar os impactos iniciais das medidas de controles de custos, especialmente para o Bradesco. Enquanto isso, o Itaú BBA faz uma ressalva sobre o guidance (expectativas) para 2020, que deve apresentar projeções mais modestas para crescimento dos lucros em 2020.

Outro setor que também chama a atenção é o varejista que, na avaliação da XP, deve apresentar uma tendência parecida à registrada nos primeiros meses de 2019, sem uma melhora significativa no ambiente de consumo. E, assim como no trimestre anterior, as empresas de comércio eletrônico continuam sendo o destaque positivo, com crescimento robusto tanto para B2W (BTOW3) e Magazine Luiza (MGLU3) quanto para Via Varejo (VVAR3), que devem mostrar uma melhora significativa na tendência de vendas. O Morgan Stanley avalia que Magalu, Via Varejo e Lojas Americanas podem ver suas receitas acelerarem por conta das vendas na Black Friday.

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Por outro lado, avalia a XP, C&A Modas (CEAB3) e Grupo Pão de Açúcar (PCAR4) devem ser os destaques negativos no setor, mostrando tendências de vendas relativamente fracas e pressão na rentabilidade.

Os shoppings também devem ser impactos positivamente pela Black Friday e pelo Natal, aponta a XP, com a expectativa de aceleração no indicador de vendas nas mesmas lojas na comparação com o terceiro trimestre, além de uma melhora sequencial em indicadores operacionais como ocupação e inadimplência.

Na mesma linha, a XP espera continuidade da recuperação do volume de vendas e dos lançamentos das empresas do setor de construção civil com a demanda mais aquecida – principalmente para os empreendimentos localizados na região metropolitana de São Paulo. A expectativa também é positiva para o lado financeiro, com as companhias gradualmente comecem a mostrar sinais mais positivos nas margens e na rentabilidade.

Alimentos e exportadoras: entre resultados fracos e recuperação

Com relação a bebidas, é esperado que o quarto trimestre marque uma relativa redenção para a Ambev (ABEV3) após um terceiro trimestre bastante complicado, em que houve uma queda de 2,8% nas vendas de cerveja no Brasil. Para o quarto trimestre, os analistas esperam um resultado sólido com uma melhora na competitividade com as concorrentes também elevando os preços, apesar de um crescimento do volume de cerveja ainda modesto. “Vale ressaltar que a estratégia de posicionamento das marcas da empresa continua em foco, em meio ao ambiente competitivo”, avalia a equipe de análise da XP.

Sobre alimentos, o setor de proteínas é apontado como um dos destaques positivos no trimestre, com resultados fortes em meio à dinâmica favorável do setor, combinada ao período sazonalmente mais forte de festas de fim de ano e crescimento de preço e volumes de exportação. Neste cenário, atenção para Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3).

Quando o assunto é mineração e siderurgia, as projeções são mais positivas para a primeira do que para a segunda. Para a Vale (VALE3), a expectativa é de resultados fortes novamente para o minério de ferro, com volumes maiores e preços ainda em níveis saudáveis, avalia a XP. Por outro lado, em siderurgia, volumes mais fracos e piora das vendas devem afetar os balanços. Também um setor com DNA exportador, as empresas de papel e celulose devem ver uma melhora nos balanços, com preços sazonalmente mais altos, custos mais baixos e depreciação do real ofuscando a dinâmica ainda desafiadora para os preços da celulose, segundo o Itaú BBA.

Ainda entre as blue chips, atenção para a Petrobras (PETR3;PETR4). Ela deve divulgar seus números em 19 de fevereiro e, em meio aos dados positivos – a produção total de petróleo no Brasil bateu recorde em 2019 e pela primeira vez ultrapassou a marca de 1 bilhão de barris no ano – a expectativa é de números fortes para a estatal.

Para a petroleira estatal os números devem ser animadores, o que também deve acontecer com as distribuidoras de combustíveis. Na comparação ano a ano, os resultados devem apontar margens mais estáveis e melhora gradual de vendas, conforme avalia a XP. Entre as empresas do setor, destaque para a Cosan (CSAN3), que viu um crescimento de 9,6% das vendas de diesel e 7,4% no ciclo otto (gasolina e etanol) na base anual, segundo dados de outubro e novembro do Sindicom, com performance acima do mercado (alta de 4,3% para o diesel e 5% para ciclo otto).

Outros setores para se atentar

O Morgan Stanley ainda aponta outros três setores para acompanhar nessa temporada: educação, saúde e restaurantes. Sobre esse último, eles comentam precisamente de Burger King (BKBR3), não esperando bons resultados para a rede de fast-food com fracas vendas nas mesmas lojas e pressão de margens.

Sobre as educacionais, os analistas esperam mais um trimestre forte para a educação básica, com destaque para a Arco, listada na Nasdaq, e para a Cogna (COGN3), mas fraco para ensino superior, mantendo as tendências dos trimestres anteriores, com espaço para expansão de margens em algumas empresas, como Anima (ANIM3), Afya e Laureate, as duas últimas listadas na Nasdaq.

Com relação às empresas de saúde, a avaliação é de que o Grupo Notre Dame Intermédica (GNDI3) continue na liderança de crescimento de receita e expansão de margens, além de haver uma confirmação da tendência de recuperação da rede de farmácias RD (RADL3). Por outro lado, Hypera (HYPE3) pode ver suas margens serem pressionadas novamente, assim como as da OdontoPrev (ODPV3) e Fleury (FLRY3).

Por fim, a XP destaca outros dois setores: o de transportes, com tanto as companhias aéreas, caso de Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4), quanto as locadoras de veículos devendo reportar resultados positivos, com destaque para as últimas.

“Apesar de um câmbio ainda relativamente desvalorizado, as companhias aéreas deverão reportar margens operacionais robustas, sustentadas principalmente por tendências positivas na linha de receitas. As locadoras de veículos deverão reportar mais um trimestre de crescimento forte em geral, fechando 2019 com forte ampliação nos volumes e na frota além de rentabilidade superior”, avaliam os analistas.

Já dentro do setor elétrico, os resultados das geradoras de energia devem ser impactados positivamente por uma combinação de (1) melhor alocação sazonal de sua capacidade de geração e compra de energia de terceiros e (2) preços maiores do que o esperado de energia no curto prazo (normalmente denominados preços spot). As distribuidoras de energia também devem reportar dados positivos, com aumento da demanda de energia com o reaquecimento da economia, aponta a equipe de análise.

Confira o calendário de divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2019:

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