Ações de Azul e Gol caem 20% com declaração de pandemia de coronavírus, Petrobras e Vale desabam até 12%; Oi ameniza ganhos

Ações de Azul e Gol caem 20% com declaração de pandemia de coronavírus, Petrobras e Vale desabam até 12%; Oi ameniza ganhos

Gol Boeing 737 smiles avião (divulgação)

SÃO PAULO – As fortes variações do mercado são novamente destaque na sessão desta quarta-feira: após a derrocada de 12,17% da segunda e o salto de mais de 7% na véspera. Petrobras (PETR3;PETR4) chega a ver seus papéis caírem cerca de 12% em meio à forte queda do petróleo com a Arábia Saudita aumentando a capacidade de produção, enquanto a Vale (VALE3) despenca mais de 8% em meio à baixa do minério de ferro, enquanto os investidores registram aversão ao risco com a falta de detalhes sobre o plano do governo americano para estimular a economia do país em meio ao coronavírus.

As perdas se intensificaram com os dados de estoque de petróleo nos EUA acima do esperado e, posteriormente, com a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarando o coronavírus como pandemia. O termo se refere ao momento em que uma doença se espalhou por diversos continentes com transmissão sustentada entre as pessoas. Às 15h15 (horário de Brasília), o Ibovespa passou a cair mais de 10% e foi acionado o segundo circuit breaker da semana. 

Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4), que já caíram forte nas últimas sessões, passaram a ter baixa de até 21% após a declaração da OMS, uma vez que poderá haver ainda mais restrições para viagens. Além disso, o dólar acelerou os ganhos e atingiu os R$ 4,73, o que também afeta companhias endividadas em dólar como o caso de aéreas.

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Enquanto isso, algumas ações se destacam entre as maiores altas: Vivo e Tim sobem, enquanto a Oi saltou até 18% após a informação de que as duas primeiras decidiram negociar, em conjunto, a compra das operações móveis da companhia, mas amenizou fortemente em meio à aversão a risco do mercado.

Contudo, ao longo da sessão, os papéis amenizaram os ganhos. Confira mais destaques:

TIM (TIMP3) e Telefônica Vivo (VIVT4)

A Telefônica e a TIM decidiram negociar, em conjunto, a compra das operações móveis da Oi. A informação foi divulgada ao mercado na noite desta terça-feira.

Se o negócio for concretizado, a telefonia móvel ficará concentrada em três grandes operadoras (Claro, Vivo e TIM) e a Oi deixará a telefonia celular para restringir sua atuação em banda larga fixa, TV por assinatura e telefonia fixa.

As duas teles manifestaram ao assessor financeiro do grupo Oi, o Bank of America Merrill Lynch, “seu interesse em iniciar tratativas com vistas a uma potencial aquisição, em conjunto, do negócio móvel da Oi, no todo ou em parte”.

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Caso a operação seja consolidada, segundo o comunicado, “cada uma das interessadas receberá uma parcela do referido negócio”, de acordo com nota divulgada pela Telefônica e pela TIM. As empresas informaram ainda que a transação pode criar valor aos acionistas e clientes, gerar eficiências operacionais e melhorar a qualidade dos serviços.

A Oi, maior operadora de telefonia fixa do Brasil, entrou com pedido de recuperação judicial em junho de 2016 para reestruturar aproximadamente R$ 65 bilhões de dívida. Em julho do ano passado, a companhia divulgou planos para levantar até R$ 7,5 bilhões com a venda de ativos não essenciais – incluindo torres, centrais de processamento de dados, imóveis e sua fatia de 25% na angolana Unitel. A Oi é hoje a quarta empresa em número de clientes na telefonia celular – serviço que mais rende receitas para as teles, principalmente devido aos dados.

O edital do leilão do 5G, em que será licitada a faixa de 3,5 GHz, já considera o cenário de apenas três grandes operadoras na telefonia móvel.

O governo federal brasileiro, que possui as “golden shares” da resseguradora IRB-Brasil RE, indicou na noite de ontem o executivo Antônio Cássio dos Santos para o cargo de presidente do Conselho de Administração da empresa. O nome do executivo deve ser aprovado em breve em Assembleia. Antônio Cássio dos Santos tem mais de 30 anos de experiência no setor de seguros, no Brasil e no exterior.

Na década de 2000, ele foi presidente da seguradora Mapfre. Entre 2011 e 2014, trabalhou para a seguradora suíça Zurich Insurance Group; nos últimos cinco anos, foi executivo-chefe das operações da seguradora italiana Assicurazioni Generali SpA para a América Latina e Sul da Europa, além de membro do Conselho da empresa italiana.

O IRB-Brasil RE vive uma série de polêmicas que minou sua imagem no mercado. O calvário da empresa começou em fevereiro, quando a corretora carioca Squadra acusou a companhia de irregularidades contábeis. Mais recentemente, o executivo-chefe foi demitido após dizer que o mega-investidor Warren Buffett havia se tornado sócio da empresa através da Berkshire Hathaway, o que foi negado posteriormente. Antônio Cássio dos Santos chega com a missão de recuperar a imagem do IRB-Brasil RE.

Localiza (RENT3)

A rede de aluguel de carros Localiza registrou no quarto trimestre de 2019 um lucro 25,9% maior na comparação anual, chegando a R$ 228,4 milhões. No ano, o resultado da companhia subiu 26,5%, para R$ 833,9 milhões, em relação a 2018.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) do quarto trimestre do ano passado somou R$ 629,6 milhões, alta de 40,2% sobre o mesmo intervalo de 2018. Em 2019, o Ebitda alcançou R$ 2,212 bilhões, alta de 39,2% sobre o ano anterior.

A receita líquida do quarto trimestre de 2019 somou R$ 2,695 bilhões, alta de 19,3% em relação ao último trimestre de 2018. No acumulado de 2019, a receita líquida somou R$ 10,195 bilhões, crescimento de 29,1% em relação a 2018.

O resultado financeiro líquido ficou negativo em R$ 112,5 milhões no último trimestre de 2019, uma alta de 4,7% em relação ao resultado financeiro negativo do mesmo período do ano anterior. No ano, o resultado financeiro negativo foi de R$ 409,8 milhões, alta de 11% sobre o resultado financeiro negativo de 2018.

A Localiza Hertz encerrou 2019 com dívida líquida de R$ 6,61 bilhões. Apesar do alto endividamento, a Localza Hertz encerrou 2019 com um saldo de caixa de R$ 2,8 bilhões, mais do que suficiente para fazer frente ao vencimento de R$ 459,7 milhões de debêntures que vencem em 2020 e outros R$ 1,29 bilhão que vencerão em 2021.

O Itaú BBA avalia que os resultados da Localiza Hertz são positivos, com um “impressionante” crescimento ano a ano de 29% no lucro líquido. “A Localiza conseguiu vender 41,4 mil carros usados na sua operação de semi-novos, um número muito positivo. O aluguel diário de carros também cresceu substancialmente”, comentou o BBA. O banco ressalta que receita líquida e Ebitda vieram acima das projeções para a RENT3, enquanto o lucro líquido ficou em linha, o que não deixou de ser uma expansão “impressionante” de 29% sobre 2018. O BBA mantém a recomendação compra, com preço-alvo de R$ 58,00 para a ação RENT3, uma alta de 38,2% sobre os R$ 41,93 negociados ontem na B3.

O Bradesco BBI também avaliou os resultados da Localiza Hertz como positivos, mas alertou que houve um crescimento forte na depreciação da frota. “O preço mais baixo dos carros novos e o aumento da competição explicam a maior depreciação. Ela também pode ser explicada porque mais motoristas do Uber e da 99 alugam carros”, comenta o BBI. O Bradesco BBI manteve a recomendação outperform (acima da média) para a ação RENT3, mas reduziu o preço do papel para 2020 de R$ 57,00 para R$ 55,00 por causa da maior depreciação da frota.

Movida (MOVI3

A Movida, uma das três maiores locadoras de veículos do Brasil, publicou balanço e informou um lucro líquido recorrente de R$ 84 milhões no quarto trimestre de 2019. Houve crescimento de 63% sobre igual período de 2018. O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês) da Movida avançou 89% no quarto trimestre de 2019 para R$ 259 milhões. A receita líquida da empresa avançou 34,2% para R$ 1 bilhão no quarto trimestre de 2019. No consolidado de 2019, a receita líquida cresceu 45,2% para R$ 3,83 bilhões. O lucro líquido no ano inteiro de 2019 cresceu 62,7% sobre 2018, para R$ 227,8 milhões.

O Conselho de Administração da Movida aprovou a distribuição de dividendos no valor de R$ 40 milhões aos acionistas. O dinheiro será pago em duas parcelas, a primeira até o dia 15 de maio e a segunda até o dia 15 de julho.

Em 2019, a Movida expandiu a quantidade de automóveis premium na frota e intensificou esforços de vendas durante a alta temporada. A frota cresceu em 16 mil carros, para 109.661 automóveis no final de 2019. A receita por carro superou os R$ 2 mil, um crescimento de 7% sobre o quarto trimestre de 2018.

O Bradesco BBI avaliou como positivos os resultados da Movida. Segundo o BBI, a locadora mostrou um forte resultado no quarto trimestre de 2019, com lucro líquido e Ebitda chegando acima das expectativas. O banco notou que a empresa conseguiu aumentar o valor diário do aluguel dos carros e as vendas de semi-novos. “A Movida mostrou um forte avanço no Ebitda da divisão de semi-novos no quarto trimestre.

A empresa também incrementou a velocidade de renovação da frota, ao mesmo tempo melhorando o preço dos carros usados vendidos. Este é o destaque mais positivo do trimestre e que deverá acelerar o negócio do aluguel nos próximos meses de 2020”, avalia o BBI. O banco manteve a recomendação acima da Média (outperform) e aumentou o preço-alvo do papel MOVI3 para 2020 em 63%, para R$ 26,00. A ação MOVI3 fechou ontem a R$ 15,91 na B3.

O governo decidiu concentrar esforços na privatização de duas empresas estatais em 2020, a Pré-Sal Petróleo (PPSA) e a Eletrobras, disse a jornalistas da Bloomberg uma fonte com conhecimento direto do assunto que pediu para não ser identificada porque a discussão não é pública. A equipe econômica avalia que o programa de privatizações será afetado pelos efeitos do coronavírus e por isso é preciso focar em ativos de maior porte.

A venda das duas empresas, no entanto, depende de mudanças legais. Para vender a PPSA, estatal que gerencia a parcela do petróleo do pré-sal referente à União, o governo quer primeiro fazer mudanças no regime de partilha, no qual a empresa atua. Já a venda da Eletrobras depende da aprovação de projeto de lei no Congresso que prevê a capitalização da empresa. O assunto, no entanto, enfrenta resistências, especialmente das bancadas do Norte e Nordeste no Senado.

Magazine Luiza (MGLU3)  e Centauro (CNTO3)

O Magazine Luiza deverá ratificar na sua Assembleia Geral Extraordinária, em 9 de abril, o aumento de capital social de R$ 1,77 bilhão para R$ 6 bilhões.

Ainda em destaque, a Superintendência do Cade deferiu pedido de intervenção como terceiro interessado feito pela NS2.com, a
Netshoes, de acordo com despacho no Diário Oficial e parecer no site do órgão regulador. Em 6 de fevereiro, a Centauro, que pertence ao Grupo SBF, assinou parceria com a Nike para distribuição no Brasil, o que fez a ação saltar na bolsa. A Netshoes foi comprada pelo Magalu em junho de 2019.

As ações da Vale tiveram recomendação elevada de manutenção a compra pelo HSBC.

A situação do coronavírus no país é menos preocupante, pois Brasil tem clima quente e malha doméstica sofre menos com o pânico, disse o fundador da Azul, David Neeleman, em entrevista à Folha. A aérea suspenderá voos de Campinas para Porto, entre setembro e março de 2021, e diminuirá número voos semanais do trecho entre Campinas e Fort Lauderdale, segundo a reportagem. Desde o dia 2 de fevereiro, as ações da companhia desvalorizaram quase 40%, com a alta do dólar e o impacto do vírus no turismo.

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