As 5 maiores baixas e as 5 maiores altas do Ibovespa em setembro

As 5 maiores baixas e as 5 maiores altas do Ibovespa em setembro

SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em alta nesta quarta-feira (30), mas sem evitar a baixa de 4,8% no mês. As maiores quedas do índice em setembro foram de ações com forte alta no ano ou que ao menos apresentaram resiliência em um período de expressiva queda para o índice.

Em destaque, estão as ações da B2W (BTOW3, R$ 89,98, -19,73%), em um período no geral negativo para as empresas expostas ao e-commerce, ainda que os papéis sigam com forte alta no ano. No acumulado de 2020, a alta é de 43,63%. Na mesma linha, os papéis da Via Varejo (VVAR3, R$ 17,35, -15,37%) registraram expressiva baixa no período, mas ainda com ganhos de 55,33% no ano.

Setembro foi marcado por um sell-off das ações de empresas de tecnologia no exterior, o que também afetou as empresas por aqui, além de alguns temores pontuais sobre maior concorrência que levaram  à baixa expressiva dos ativos no mês.

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A Amazon fez dois anúncios que foram observados de perto para quem acompanha o setor: no dia 3 de setembro, a companhia americana iniciou a operação de um novo centro de distribuição (CD) no país localizado em Cajamar, na Grande São Paulo. Quinto em atividade, é o maior da companhia no Brasil, com cerca de 100 mil metros quadrados, levando o grupo a somar área de armazenamento de pouco mais de 300 mil metros quadrados.

Para efeito de comparação, na B2W e Lojas Americanas, que operam interligadas, a área supera os 700 mil metros quadrados, ressalta a Levante Ideias de Investimentos. A expansão operacional da Amazon no Brasil é mais um sinal do avanço da penetração do e-commerce nos últimos meses.

Já nesta semana, Alex Szapiro, presidente da Amazon no Brasil, confirmou o lançamento do “Prime Day” no país neste ano. O evento é uma espécie de Black Friday promovido pela companhia e traz descontos especiais e exclusivos para os membros do serviço Prime durante 48 horas. “Acreditamos que o anúncio do Prime Day é capaz de atingir de forma levemente negativa o preço das ações do setor de varejo eletrônico no Brasil (Magazine Luiza, Via Varejo, B2W). A Amazon é vista como uma forte ameaça no setor e uma pedra no sapato das brasileiras”, avalia a Levante Ideias de Investimentos.

Também entre as baixas, estiveram as ações da Cosan (CSAN3, R$ 68,33, -17,92%) que, com a baixa do mês, praticamente zeraram os ganhos do ano. Gigante do açúcar, mas também com aposta em infraestrutura, a companhia sofreu um revés recente ao suspender a abertura de capital da Compass Gás e Energia, citando “a deterioração das condições de mercado”.

No início de agosto, quando o registro para IPO da Compass foi realizado, a empresa afirmou que planejava levantar capital para adquirir empresas e participar de privatizações, visando também o fortalecimento de sua posição de caixa. A Compass, criada em março do ano passado, engloba os negócios da Cosan em gás, incluindo a distribuidora Comgás.

No radar de commodities, os preços do açúcar devem permanecer fracos nos próximos meses devido à expectativa de que o mercado volte a registrar superávit no ano que vem, de acordo com análise publicada pela Bloomberg. A forte produção deve se sobrepor ao retorno a padrões de demanda mais normais após as paralisações por causa da Covid-19, que limitaram o consumo. Isso tende a segurar os preços, que acumulam queda de cerca de 11% em relação ao pico deste ano em fevereiro, de acordo com análises da Fitch Solutions e Rabobank.

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A Fitch Solutions espera uma supersafra em 2020-21, e o mercado deve registrar superávit de 10 milhões de toneladas, depois do déficit de 5 milhões de toneladas em 2019-20, de acordo com relatório enviado por e-mail. A produção deve aumentar 13,3% na comparação anual, após dois anos de queda.

A Rumo (RAIL3, R$ 19,06, -15,66%) também teve uma das maiores quedas no mês. No radar da companhia no mês, a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) encaminhou ao tribunal do órgão processo administrativo aberto em 2019 contra a Rumo Logística Operadora Multimodal S.A., com recomendação de condenação da empresa, e aplicação de multa, por infração à ordem econômica.

A investigação contra a empresa teve início em 2016, a partir de denúncia feita pela Agrovia, que atua no transporte de açúcar para exportação. Na representação, a Agrovia alegou depender da Malha Paulista, controlada pela Rumo, que estaria abusando de sua posição para “criar dificuldades ao seu funcionamento”, e que por isso teve que encerrar suas atividades. O caso segue para a decisão do colegiado de conselheiros do Cade, que pode acatar ou não a recomendação pela condenação da empresa.

Também vale destacar a perspectiva para os preços dos grãos. Em relatório no final do mês, o Morgan destacou que problemas com as safras dos EUA e da China, somados aos riscos à expectativa de oferta da América do Sul, devem continuar causando volatilidade, elevando os preços dos grãos no curto prazo. Quando há riscos de choques de oferta, os consumidores tendem a pagar mais para tentar garantir seus insumos. Contudo, eles acreditam que a alta dos preços é exagerada.

“O fato de que a porcentagem da safra 20/21 do Brasil é vendida com antecedência poderia se traduzir em maior demanda para a Rumo ao já assinar contratos de transporte para 2021. Do lado negativo, os riscos de um clima seco persistindo no Centro Oeste do Brasil (afetando os volumes de grãos da operação Norte) e La Niña afetando a produção de grãos no sul do Brasil poderiam levar a uma redução da meta da Rumo de expandir seus volumes gerais em cerca de 10% em 2021”, avaliaram o Morgan Stanley.

Estreante no Ibovespa, a PetroRio (PRIO3, R$ 34,89, -16,71%) viu suas ações sofrerem no mês de setembro em meio à queda do petróleo no período, em meio aos temores de que uma segunda onda do coronavírus nos países desenvolvidos possa afetar a recuperação econômica e, consequentemente, a demanda por petróleo. Os papéis da Petrobras (PETR3, R$ 19,77, -11,42%;PETR4, R$ 19,61, -10,42%) também tiveram queda expressiva no mês.

Os contratos futuros do West Texas Intermediate (WTI) com vencimento em novembro terminaram o mês de setembro com recuo de 5,60%, enquanto o brent para dezembro teve recuo de 6,58% no mês. No terceiro trimestre, contudo, o WTI teve avanço de 2,41% e o brent subiu 2,79%.

As 5 maiores quedas do Ibovespa no mês de setembro:

Empresa Ticker Cotação Desempenho
B2W BTOW3 R$ 89,98 -19,73%
Cosan CSAN3 R$ 68,33 -17,92%
PetroRio PRIO3 R$ 34,89 -16,71%
Rumo RAIL3 R$ 19,06 -15,66%
Via Varejo VVAR3 R$ 17,35 -15,37%

Maiores altas

O maior destaque do mês ficou para a Localiza (RENT3, R$ 56,67, +17,70%), com boa parte da alta tendo ocorrido no último dia 23 de setembro. Na sessão, os ativos RENT3 fecharam com alta de 13,97%, a R$ 58,97.

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Foi naquela data que uma surpresa chegou ao mercado, através do acordo para combinação de negócios entre a Localiza (RENT3) e a Unidas (LCAM3), com a proposta de incorporação das ações da segunda pela primeira companhia.

Essa notícia marcou mais um passo para a consolidação do setor ao criar uma gigante de locação de veículos. Vale ressaltar que, no começo de 2018, a Locamerica e Unidas já haviam unido as suas operações.

Conforme destacam os analistas Victor Mizusaki e Gabriel Rezende, do Bradesco BBI, “a criação desta nova empresa resultará em ganhos de sinergia na compra de carros novos e menores despesas gerais e administrativas”.

A estimativa é de sinergias de R$ 5 bilhões com a fusão entre as duas companhias, o que corresponde a R$ 5 a mais para as ações RENT3, para o BBI. Outras sinergias imediatas, além de desconto com montadoras na compra de carros, são a otimização de lojas, melhora na venda de carros seminovos e usados, redução nos custos de manutenção por carro e capacidade de acelerar o crescimento em novos segmentos como aluguéis de automóveis no longo prazo para pessoas físicas.

Além disso, conforme ressalta o Morgan Stanley, a empresa combinada também terá uma divisão do Ebitda uniforme entre segmento de aluguéis de carros e gestão de frotas – a Localiza atualmente tem dois terços do Ebitda vindo de aluguéis, enquanto a empresa combinada teria 50%.

A criação da gigante do setor, aliás, deve chamar a atenção do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) – e não é descartada a imposição de restrições relevantes neste acordo. No segmento de aluguel de carros, a Localiza atualmente tem cerca de 51% de participação, enquanto a Unidas tem uma fatia de 17%, totalizando 68% do mercado. Do lado de gestão de frota, as respectivas participações de mercado das empresas são de 13% e 16%, resultando em 29% combinados.

“Dada a alta concentração de mercado da empresa combinada, esta transação poderia ser considerada complexa pelo Cade, sendo exigidos alguns ‘remédios’ pela autoridade antitruste. Vemos a aprovação pelo Cade como uma das as etapas mais importantes da transação”, avalia o Morgan Stanley.

Uma notícia surpreendente também impulsionou os papéis da terceira maior alta do Ibovespa no mês. O GPA, controlador do Pão de Açúcar (PCAR3, R$ 69,74, +9,81%), anunciou na noite do dia 9 de setembro que seu Conselho de Administração autorizou estudo para a cisão de seu braço de atacarejo Assaí, que vem ganhando destaque entre as operação da holding. No dia 10, os papéis PCAR3 fecharam em alta de 14,80%, a R$ 71,35.

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A expectativa é de que, com essa separação, os segmentos de atacarejo e de varejo operem de forma independente e assim, a ação do Pão de Açúcar finalmente passe a operar a preços considerados justos, uma vez que o valuation atual do papel não reflete adequadamente o valor potencial de cada um de seus ativos.

“O GPA deve destravar valor no Assaí, uma vez que as operações de atacarejo do grupo foram ofuscadas pelo desempenho desafiador das operações de varejo, principalmente no Brasil”, destacou Guilherme Assis, analista do Safra.

Assim, o anúncio “traz luz ao nível de valuation no qual PCAR3 negocia, que consideramos muito descontado para ser ignorado”, apontou Victor Saragiotto, analista do Credit Suisse. De acordo com ele, o preço atual da varejista “não faz sentido”, uma vez que não precifica muitas das operações como Éxito, Multivarejo e Stix.

As ações da Vale (VALE3, R$ 59,11, +11,87%) tiveram um bom desempenho, tanto com a alta do dólar de mais de 2% no mês, beneficiando empresas exportadoras, quanto pelas perspectivas por pagamento de dividendos.

No dia 10 de setembro, a companhia anunciou a aprovação do pagamento de remuneração aos acionistas, no valor bruto de R$ 2,4075 por ação, em 30 de setembro, totalizando R$ 12,4 bilhões (ou US$ 2,3 bilhões). Os ativos ficaram ‘ex-direitos‘ na B3 na sessão de 22 de setembro.

As siderúrgicas também tiveram alta expressiva no mês, com destaque para a Gerdau (GGBR4, R$ 20,80, +8,96%), em meio à alta dos preços do aço.  Vale ressaltar que, no fim do mês, o Credit Suisse elevou o preço-alvo para Gerdau de R$ 19 para R$ 26 por ação, com recomendação outperform (desempenho acima da média) para os ativos. Segundo o banco, a revisão foi feita para incorporar os resultados do segundo trimestre e o aumento da demanda esperado para 2020.

Além disso, o ajuste leva em conta a alta dos preços dos aços longos no Brasil, que tiveram alta de 10% em agosto e outro aumento de 10% anunciado para o período entre setembro e outubro. O mesmo banco elevou nesta quarta-feira a recomendação para os ativos da CSN (CSNA3, R$ 16,50, +8,48%), que também registrou ganhos expressivos em setembro, após incorporar projeções otimistas para os preços de minério de ferro, maiores projeções de exportações de aço para 2020 e os aumentos de preços de cerca de 10% anunciados para setembro e de 13% para outubro.

O banco projeta que os preços do minério de ferro fiquem acima de US$ 100 por tonelada em 2021, US$ 105 na média do ano, fator este que também anima os papéis da Vale, apesar da maioria dos analistas indicar que a cotação da commodity está em tendência de baixa (veja mais clicando aqui).

Apesar da forte queda dos ativos na última semana, a Azul (AZUL4, R$ 24,38, +9,77%) ainda conseguiu fechar o mês com ganhos, com os investidores indo, em boa parte do mês, em busca de barganhas na Bolsa, uma vez que os ativos da empresa foram uns dos que mais sofreram no auge do pânico com a pandemia.

Além disso, alguns sinais de recuperação da demanda animaram casas de análise, com a Raymond James e o Deutsche Bank elevando a recomendação para os papéis da Azul e também da Gol (GOLL4) para compra.

“A demanda doméstica do Brasil continua se recuperando, com o segmento corporativo começando a ter uma recuperação notável em meio à reabertura da economia do país, embora ainda relacionada principalmente a empresas de pequeno e médio porte”, afirmaram os analistas do Raymond James. Já o Deutsche Bank ressaltou, na época, o reperfilamento de dívidas e a reestruturação em curso. “Embora o cenário na região ‘continue desafiador’, as empresas têm trabalhado para mitigar a queima de caixa, reforçar liquidez e se reposicionar”, apontou.

Contudo, no médio e longo prazo, há mais dúvidas sobre o desempenho das companhias na Bolsa, conforme destacou Roberto Indech, estrategista-chefe da Clear Corretora. “Não mudo minha perspectiva de ceticismo com esse setor, já que é formado por ações voláteis. Pode trazer bons rendimentos para os acionistas no curto prazo, mas as empresas do setor não contam com um histórico positivo no Brasil”, avalia o analista.

Vale ressaltar que, no final do mês, o Bradesco BBI reduziu a recomendação para os ativos AZUL4 de compra para neutra. Os analistas do banco avaliam que a Azul tem uma equipe de gestão e um modelo de negócios excepcionais. No entanto: 1) o potencial de valorização é limitado após uma recuperação acima de 60% desde meados de março; 2) a ação está sendo negociada com um múltiplo EV/EBITDA de 8,6x para 2021, 23% acima de seu múltiplo médio histórico; e 3) um risco/retorno equilibrado com potencial de queda de 42% no cenário pessimista dos analistas, contra um potencial de alta de 4% e 54% nos cenários base e otimista do banco, respectivamente.

“Para termos maior potencial de valorização, a demanda e as passagens aéreas precisam se recuperar em um ritmo mais acelerado, visto que as renegociações com os locadores não resultaram em redução de capacidade”, avalia o BBI. Os analistas possuem um preço-alvo de R$ 27,00 para 2021 (versus preço-alvo anterior de R$ 23,00 para 2020).

As 5 maiores altas do Ibovespa em setembro: 

Empresa Ticker Cotação Variação
Localiza RENT3 R$ 56,67 +17,70%
Vale VALE3 R$ 59,11 +11,87%
Pão de Açúcar PCAR3 R$ 69,74 +9,81%
Azul AZUL4 R$ 24,38 +9,77%
Gerdau GGBR4 R$ 20,80 +8,96%

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